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Para especialista, "só talento salva formato"
CAMILA VIEGAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
A fusão de esporte com o formato do "reality show" deve pontuar o próximo grande investimento da televisão norte-americana no gênero. A produção será
feita pelos estúdios da DreamWorks, conduzida por Jeffrey
Katzenberg e Mark Burnett, e pelo ator Sylvester Stallone.
O programa será protagonizado
somente por boxeadores amadores. Segundo a revista "Hollywood Reporter", serão mostrados
os treinos e as histórias pessoais
de cada participante.
O papel de Stallone ainda não
está definido, mas as regras serão
semelhantes às de "Survivor" e
"No Limite", em que dois grupos
competem entre si e o perdedor
vota pela eliminação de um de
seus membros.
Para Tony Kornheiser, colunista do jornal "Washington Post" e
da rádio e TV ESPN, "isso já deveria ter sido pensado antes", já que
o gênero pega emprestado muitas
características do esporte. "Todos
os "reality shows", assim como os
esportes, têm prêmio, tática, sacrifício, trapaça, perdedor, vencedor e bola pra frente", resume ele,
que também é autor de "I'm Back
for More Cash" (Voltei para Buscar Mais Dinheiro).
Há duas semanas, ele recomendou a seus leitores assistir a
"American Idol" e a "The Bachelorette", já que o Super Bowl -a
final de futebol americano- já tinha chegado ao fim: "A melhor
coisa dos "reality shows" é que eles
já começam com as eliminatórias.
É isso que a gente quer ver, algum
perdedor ser tocado para fora. O
corte. Isso é puro esporte".
"Nunca vi "reality shows" brasileiros, mas acredito que "Big Brother Brasil" e a "Casa dos Artistas"
já devam estar cansando. Mesmo
que as pessoas sejam diferentes, a
gente já viu tudo", diz.
Fórmula de sucesso
Os americanos são obcecados
por esporte. Eles inventaram o
basquete, o beisebol e o futebol
americano, e a maioria torce por
um time profissional e outro
amador de cada categoria. Isso
também se reflete nos programas:
grande parte do público conhece
os participantes de seus "reality
shows" favoritos pelo nome.
Tanto atletas quanto os participantes de "reality shows" competem para vencer. "Eles não pensam na humilhação do perdedor e
sabem que o público quer a perfeição. O torcedor não perdoa
quando um atleta falha num momento decisivo."
Mas, segundo Kornheiser, o que
salva o esporte é o talento. "É por
isso que lá as regras podem ser
sempre as mesmas. Sem talento
individual, a fórmula cansa", explica. Por isso as regras de um
"reality show" têm de mudar para
se manter popular. Atualmente
nos EUA estão no ar uma competição por um emprego em uma
empresa de Donald Trump ("The
Apprentice"), dicas de beleza,
moda e gastronomia de cinco
gays para mudar o visual de um
heterossexual ("Queer Eye for the
Straight Guy"), um internato de
auto-ajuda ("Starting Over") etc.
Para Kornheiser, a solução para
a longevidade é talento. ""American Idol", por ser uma competição
musical e mostrar novos cantores
a cada edição, não satura o público. É por isso que o "reality show"
de boxe da DreamWorks com
Sylvester Stallone tem grandes
chances de sucesso."
E, como a vida também imita a
arte, a carreira de Tony Kornheiser será transformada em comédia de situação pelo canal aberto
CBS. O ator escolhido para interpretá-lo é Jason Alexander, o
George do extinto "Seinfeld".
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