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Record ameaça deputado "antibaixaria"
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegou ao fim o clima de conciliação e a "guerra" foi declarada.
A TV Record enviou ofício à corregedoria da Câmara e ao deputado Orlando Fantazzini (PT-SP),
coordenador da campanha "antibaixaria" na televisão, ameaçando processar o parlamentar.
A emissora reclama do fato de a
campanha Quem Financia a Baixaria É contra a Cidadania ter solicitado às Casas Bahia que deixasse de anunciar no "Cidade
Alerta" ou que se mostrasse contrária ao conteúdo do telejornal.
O policialesco da Record faz
parte do mais recente "ranking da
baixaria", organizado com base
em denúncia de telespectadores.
Além das Casas Bahia -uma das
principais fontes de renda das redes de TV-, outros 13 anunciantes receberam solicitação semelhante no mês de março.
Na carta à corregedoria, datada
de 13 de maio, a Record acusa
Fantazzini de usar de "poderes
conferidos ao Ministério Público"
para acusar o programa de inadequado ao horário livre. A emissora afirma que o pedido às Casas
Bahia foi um "desrespeito moral e
jurídico", coisa de "regime totalitário". Diz que não teve direito de
defesa e que foi julgada e condenada "de acordo com critérios
pessoais" do deputado. Afirma
que os prejuízos são evidentes,
ainda mais nesta época "em que
muito tem se valorizado as "empresas politicamente corretas'".
Pede que a corregedoria da Câmara impeça que "tais procedimentos se repitam", caso contrário, ameaça tomar medidas judiciais contra Orlando Fantazzini.
Para o deputado, o ofício da Record é "uma tentativa de intimidá-lo". "A emissora sabe como
funciona a campanha, até porque
há um representante deles, o Roberto Wagner, na comissão."
Segundo o parlamentar, a campanha não reflete suas opiniões
pessoais, pois conta com o apoio
de 60 entidades, entre elas a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). "Não estamos
obrigando nenhuma empresa a
deixar de anunciar. O anunciante
acata nossa solicitação se quiser,
mas sabe que há por trás dela uma
pressão da sociedade civil."
O deputado acusa a Record de
pretender usar seu "poder econômico para acabar com a campanha". "Eles querem continuar ganhando dinheiro explorando a
miséria e a violência", afirma.
As Casas Bahia não se pronunciaram sobre o assunto. Procurada pela Folha, a Casa de Imprensa, responsável por sua assessoria,
afirmou que a resposta deveria ser
dada pela Young & Rubicam, sua
agência de publicidade. Esta, por
sua vez, solicitou que a Folha procurasse a Casa de Imprensa.
(LAURA MATTOS)
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