São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008 |
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BIA ABRAMO Cópia da cópia da cópia dá em nada
VEJAMOS: o programa original saiu da Inglaterra e tinha o nome de "Pop Idol". Os americanos copiaram com enorme sucesso: "American Idol", já em sua oitava temporada, está entre os programas mais vistos da TV dos Estados Unidos. Como emissoras de vários outros países do mundo (33, na última conta), o SBT comprou os direitos para produzir o programa. Depois de duas temporadas não muito bem-sucedidas e da "fabricação" de ídolos que despontaram para o anonimato, a Record obteve a licença para produzir a temporada 2008 de "Ídolos". Levou o formato, mas não os jurados -Thomas Roth, Arnaldo Sacomanni, Carlos Miranda e Cyz ficaram no SBT. O programa estreou nesta semana, finalmente, com muito investimento e barulho por parte da emissora. "Ídolos 3" tem alguns trunfos em relação à versão do SBT, mas, de certa forma, as mesmíssimas limitações. Para começar, o ator e apresentador Rodrigo Faro está a anos-luz, em termos de carisma e traquejo, de Beto Marden e Lígia Mendes, o casal do SBT. Faro tem uma espécie de cinismo simpático que combina bem com a tarefa de mediar, receber, entrevistar os candidatos. O investimento mais racional e, claro, também mais volumoso da Record parece ter surtido efeito no sentido da reprodução do formato. Mas, no cerne do programa -jurados e candidatos-, a nova versão tem deficiências que, por ora, parecem comprometedoras. O trio de jurados é em tudo mais inexpressivo que os quatro anteriores. O empresário Luis Calainho, a cantora Paula Lima e o produtor Marco Camargo estão muito presos à mimetização de seus pares americanos. É evidente que ali, em alguma medida, interpretam-se personagens -boa parte da graça de "American Idol" está na impiedade com que Simon Cowell julga os candidatos. Ou no duelo entre ele e as tendências mais doces de Paula Abdul. O problema é que imitar a ironia ou a generosidade alheias não funciona. Por fim, os candidatos. A impressão que se tem do programa de estréia é que, ao mesmo tempo em que os fatores crueldade e ridículo serão tão bem explorados como na versão americana, os apelos emotivos também o serão. Na terça-feira, muitas histórias tristes e de "superação" foram apresentadas como "gancho" para os próximos capítulos. A tradição sentimental brasileira não agüenta isso. Embora fazer chacota da desgraça alheia seja um esporte nacional, há um momento em que os corações amolecem. biabramo.tv@uol.com.br Texto Anterior: Crítica/série/"Lipstick Jungle": Versão "envelhecida" de "Sex" é mais do mesmo Próximo Texto: Crítica: Música é protagonista de filmes de hoje Índice |
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