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Criador de "Akira" se lança à era vitoriana
JEAN-FRANÇOIS RAUGER
DO "MONDE"
Após 16 anos da estréia mundial
de "Akira" nos cinemas, seu criador, Katsuhiro Otomo, desloca o
habitual cenário futurista para
uma Inglaterra do século 19, em
"Steamboy", exibido hoje, às
15h50, no Cineclube DirecTV
(mais exibições amanhã e dia 31).
A animação trata da disputa por
uma invenção em plena era vitoriana. "Escolhi esse cenário porque a leitura de Charles Dickens
me marcou profundamente", diz.
Pergunta - Por que "Steamboy"
demorou tanto?
Katsuhiro Otomo - A preparação
e a realização de "Steamboy" custaram muito caro. O filme foi inteiramente feito em digital. Demoramos muito para reunir o dinheiro necessário. Os investidores não compreendiam essa idéia
de ancorar a narrativa na Inglaterra do século 19, e não no futuro.
Pergunta - Por que ambientá-lo
na Inglaterra vitoriana?
Otomo - Essa época me interessa
porque ela corresponde ao mesmo tempo a um desenvolvimento
da ciência e à reflexão sobre ela.
Tivemos a impressão de viver
momentos semelhantes aos daquela época. Como os homens do
século 19, tivemos de inventar ferramentas adaptadas a nossos projetos. E das três gerações de heróis
cada uma tem uma relação diferente com a ciência.
Pergunta - O filme exprime um
fascínio pela destruição. Por quê?
Otomo - Adoro criar coisas com
muito cuidado e, quando estão
prontas, destruí-las. Quando era
criança, era apaixonado por modelos em miniatura de objetos.
Passava dias montando esses modelos, mas achava que o trabalho
só ficava realmente concluído
quando os destruía. Não procuro
compreender o meu trabalho. É
verdade que, em dado momento,
o vapor se torna um personagem.
Eu quis levar o espectador a mergulhar nessa dimensão abstrata.
Tradução de Clara Allain
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