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MÚSICA
Empresa americana cria sistema em que o usuário é pago quando um arquivo é compartilhado de seu computador
Serviço "recompensa" quem troca canção
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A princípio parece coisa duvidosa, mas o negócio está se fortalecendo e ganhando corpo. A inusitada proposta: recompensar
quem disponibilize arquivos de
música na internet.
A iniciativa é de uma pequena
empresa de Seattle (EUA), a Shared Media Licensing, gerenciada
por músicos, ex-músicos e desenvolvedores de softwares.
O programa chama-se Weed
Share, e funciona mais ou menos
como uma corrente. Por meio do
site www.weedshare.com, pode-se fazer o download do serviço, o
que habilita a abertura de uma
"conta" a possibilidade de conexão com a rede de distribuição de
arquivos compatíveis.
Na página da comunidade na
internet, há a relação desses distribuidores (o Weed Share não disponibiliza arquivos; apenas provê
a tecnologia para a distribuição de
música pagando-se direitos autorais aos artistas).
"A vantagem de nosso serviço é
que qualquer um pode comprar
ou vender arquivos musicais, e
quando você faz isso, pode colocar num website, mandar para
um amigo, compartilhar em serviços "peer to peer" [de troca de arquivos]", disse à Folha, por telefone, John Beezer, presidente da
companhia.
(Beezer já foi músico. Ele tocava
baixo na banda The Thrown Ups
no final dos anos 80, na Seattle
pré-grunge. O grupo contava
também com Mark Arm e Steve
Turner, que depois iriam formar
o Mudhoney.)
Voltando: ao baixar um arquivo, pode-se ouvi-lo por três vezes
sem pagar nada. Se o usuário gostar, compra a música. Com o arquivo em seu computador, o
usuário pode servir como um
"servidor" para outras pessoas, e
ser pago por isso.
Exemplo: o usuário A baixa um
arquivo que custe US$ 1 de um
distribuidor oficial. Nesta primeira compra, 50% vai para o artista
(ou para a editora que detém o direito da canção), 15% vai para a
Weed Share e os 35% restantes
vão para o distribuidor.
Mais tarde, se um usuário B baixar o arquivo do usuário A, os valores ficam em: 50% para o artista;
15% para a Weed; 15% para o distribuidor; 20% para o usuário A.
Depois, se o usuário C comprar
esse arquivo do usuário B, muda
para: 50% para o artista; 15% para
a Weed; 20% para o usuário B;
10% para o usuário A; 5% para o
primeiro distribuidor.
E segue. Se um usuário D pega o
arquivo: 50% vai para o artista;
15% para a Weed; 20% para o
usuário C; 10% para o usuário B;
5% para o usuário A. Na próxima
transação envolvendo este arquivo, o usuário A fica fora da conta e
assim por diante.
O processo de pagamento é feito via PayPal (serviço que permite
transmitir dinheiro utilizando e-mail, de propriedade da eBay).
A Weed Share consegue "rastrear" uma música por meio de
um programa implantado no arquivo. "Utilizamos arquivos compatíveis com Windows Media,
mas modificamos um pouquinho
esse formato para introduzir um
identificador", explica Beezer.
"Quando alguém compra o arquivo de uma música, é gerado
um desses identificadores, que
acompanhará esse arquivo para
onde ele for. Então sempre que alguém abrir esse arquivo nosso sistema será avisado."
A rede que trabalha com o serviço ainda é pequena se comparada
a serviços como o iTunes ou
Napster: possui cerca de 200 mil
músicas (contra 700 mil de seus
concorrentes). A maioria dos artistas é de gravadoras independentes. "Estamos em negociação
com as majors. É um processo
lento", diz Beezer.
Além do pagamento aos usuários, o Weed Share proclama uma
maior "recompensa" aos artistas.
"Ainda é um pouco complicado,
pois há gravadoras entre nós e os
artistas. Quando os artistas chegam para nós diretamente é mais
fácil, dá para passar para eles uma
porcentagem maior dos ganhos."
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