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Personagens representam fases da cidade
DA REDAÇÃO
A seguir, trechos de entrevista com Maria Adelaide
Amaral e Alcides Nogueira
sobre "Um Só Coração".
Folha - Como evitar que
uma minissérie que está sendo "vendida" como comemorativa dos 450 anos de SP pareça oportunismo comercial?
Alcides Nogueira - Realmente não é um oportunismo comercial. Trata-se de
uma homenagem a São Paulo. Em momento algum a
idéia de "vender" os 450
anos se sobrepôs.
Folha - Como foi o processo
de criação da trama?
Nogueira - A primeira
idéia, de focar a minissérie
nas figuras de Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo,
foi de Maria Adelaide. Foi a
descoberta da "espinha cultural" da trama. A partir daí,
nós dois começamos a montar essa saga paulistana,
usando a ficção e a realidade.
Folha - A minissérie será fiel
à história dos modernistas?
Nogueira - A idéia é cruzar
as histórias de personagens
reais e fictícios para termos
uma tapeçaria do que foi esse período [1922/54]. Os fatos e pessoas reais são enfocados fielmente. Mas, mesmo assim, em determinados
momentos o real também é
romanceado, sem perder a
verossimilhança.
Montamos núcleos cujas
tramas representem fases da
história da cidade. Assim, o
Coronel Totonho Sousa
Borba é a República Velha,
em seu esplendor e, depois,
em sua decadência; Ernesto
é um anarquista; as colônias
que vieram para a cidade estão representadas por Avelino e sua família (portugueses), por Samir e sua mãe Sálua (libaneses), pela família
Fujihara (japoneses), pelos
italianos (ricos, como os Matarazzo e os em ascensão).
O interessante é que a realidade e a ficção acabam se
fundindo ou interagindo, e
isso cria um movimento
narrativo muito peculiar.
Folha - A sra. pretende escrever uma novela? Aquele
seu projeto de novela das seis
que iria entrar no ar em 2002
("A Dança da Vida") foi definitivamente enterrado?
Maria Adelaide - Se me
mandarem fazer uma novela, faço. Sobre aquela novela
que dançou, foi melhor assim. Por causa disso escrevi
"Tarsila", e foi esse trabalho
que me levou a sugerir "Um
Só Coração". Algumas coisas ruins não são de todo
más. Por mim continuaria
fazendo apenas minisséries.
Folha - Qual o segredo para
uma minissérie com fundo
histórico fazer sucesso?
Maria Adelaide - Não sei se
é bem um segredo, mas a
história começa como pano
de fundo. Em primeiro plano, estão as tramas amorosas. É através da emoção que
o público acaba se interessando pela história. E, quando isso acontece, eu aumento a dose de informação.
Folha - Por que "Os Maias"
foi um sucesso de crítica, mas
um fracasso de público?
Maria Adelaide - Porque o
ritmo era lento e a trama
ambientada em uma Portugal muito distante da realidade brasileira para poder
interessar ao grande público. E realmente não fizemos
concessões: nem eu no texto,
nem o Luís Fernando [Carvalho] na direção.
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