São Paulo, domingo, 27 de junho de 2004 |
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MÔNICA BERGAMO A Bienal dos "sem-terra"
Já que o tema desta edição é "Território
Livre", os artistas convocados a participar da 26ª Bienal de Artes de São Paulo,
no Ibirapuera, procuram dar sentido aos
seus trabalhos nos lugares mais inusitados
-vale tudo, menos os ateliês. As obras dos
sete artistas a cujos nomes a coluna teve
acesso podem não estar prontas, mas a uni-las há o questionamento do espaço tradicional e também o uso de materiais mais "maleáveis", como água e resto de construção.
Os últimos meses têm sido de dupla gestação para o artista Caio Reisewitz. Além de se preparar para a Bienal, ele e a mulher, Carla, esperam para agosto seu primeiro filho. Ou melhor, primeiros, já que ela está grávida de gêmeos. "Um vai se chamar Benedito, o outro, Calixto", brinca ele, que diz se identificar muito com o paisagista. Enquanto Carla cuida mais de perto dos preparativos para a chegada dos bebês, ele se dedica às fotografias de paisagens do litoral paulista que levará para o evento. "Minha preocupação é com a forma descontrolada com que esses e outros territórios são ocupados hoje em dia", diz o fotógrafo. Aos 37 anos, Caio é um dos "jovens artistas" da seleção deste ano. Estudou artes plásticas em Mainz, na Alemanha, e tem trabalhos vendidos para a Fundação Arco, em Madri ESPELHO DELE Se ainda está difícil imaginar a Bienal, o fotógrafo Paulo Climachauska dá uma força: como num espelho, vai desenhar a projeção do espaço interno do pavilhão da Bienal, em escala natural: uma superfície de 30 m de extensão por 5 m de altura. "Como o desenho do Espaço Parede, que está no MAM, só que bem maior", diz ele. Climachauska, 41, desconstrói de vez o espaço da obra de arte ao desenhar o reflexo de colunas e rampas do 3º andar do prédio. Parece simples, até o artista somar a isso contas de subtração: todas as linhas são, na verdade, feitas de desenhos minúsculos de operações matemáticas com esferográfica preta SE A MARÉ ENCHER O mar, veja só, pode ser um espaço para expor obras de arte, apesar do sobe-e-desce das marés. Pelo menos é essa uma das idéias mostradas pelo artista paulistano Fabiano Marques, 34, no trabalho que prepara para a Bienal. Trata-se do vídeo "Mar Pequeno". Em cena, o próprio Marques aparece sendo levado pela correnteza e, dentro d'água, tenta organizar esculturas que bóiam enquanto as ondas vão e vêm. Para aparecer boiando nas imagens, as peças eram feitas de isopor e revestidas de madeira. "Foi minha forma de construir a típica jangada brasileira", comenta PONTE AGUDA Nem bem entrou, Thiago Bortolozzo já planeja sua saída da Bienal. "Vai ser uma espécie de laje que sai do prédio na direção do parque", diz. Ele quer construir uma "ponte" de 30 metros de madeirite e já tem nome para ela: "Vital-Brasil". Segundo o artista de 27 anos, o armazenamento do material e a construção "precária e manual" da ponte são uma crítica à dificuldade de fazer arte no país PARA VIAGEM A bagunça aí de cima é a obra de arte que o pernambucano Paulo Brusky, 55, trará para o Ibirapuera. A idéia foi do curador, Alfons Hug, quando esteve no ateliê do artista, em Recife. Brusky topou e para reproduzir com exatidão o ambiente da foto trará 7.000 livros e mais de 50 mil objetos como canetas, gaveteiros de arquivo e até utensílios de cozinha Texto Anterior: Campanha quer criar culpa no usuário Próximo Texto: Televisão: Novela vai criticar políticos da Baixada Índice |
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