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MÚSICA ERUDITA
Com aparições cada vez mais raras, soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa canta grátis, às 11h, no parque
Dama da ópera leva Puccini ao Ibirapuera
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Esta é a semana de ouvir as divas
da ópera dos anos 80. Depois de
Barbara Hendricks, 54, chega por
aqui a soprano neozelandesa de
ascendência maori Kiri Te Kanawa, que se apresenta com a Orquestra Filarmônica de Mulheres,
sob a batuta da paulista Cláudia
Feres, dentro do projeto Avon
Women in Concert.
"Sejamos práticos: em março,
farei 60 anos de idade", respondeu a cantora, que recebeu o título
de "dame commander" ("dama",
equivalente ao de cavaleiro) do
Império Britânico em 1982, ao ser
indagada na semana passada sobre suas atividades operísticas cada vez mais raras, com relação a
concertos com orquestra e recitais com piano, mas que incluíram, em 2002, uma elogiada aparição no papel-título da ópera
"Vanessa", do compositor norte-americano Samuel Barber (1910-1981), na Ópera de Washington.
"Sempre me mantive afastada
desse tipo de repertório, mas foi a
primeira vez em que gostei de
cantar música moderna", afirma.
"Além disso, o papel de uma velha
senhora me assenta bem."
Mozart e Richard Strauss foram
os que moldaram a reputação de
"dame" Kiri como mestra no refinamento do fraseado, no controle
da emissão e na elegância em cena, embora sua voz de soprano lírico nunca tenha sido propriamente rica em harmônicos.
"São compositores que estão
comigo desde o começo, e houve
uma época em que praticamente
não me deixavam cantar outra
coisa", conta a soprano. "Fui começar com eles por causa do desafio, mas é muito mais fácil
aprender Verdi e Puccini."
Talvez por isso ela não vá cantar
hoje nem Mozart, nem Strauss,
mas dois números de Puccini ("O
Mio Babbino Caro" e "O Soave
Fanciulla") e outros dois de seus
contemporâneos Cilea ("Io Son
l'Umile Ancella") e Charpentier
("Depuis le Jour"), além de quatro
números de musicais norte-americanos. "Escolhi as canções que
gosto de cantar, e ninguém rejeitou. Busquei um certo equilíbrio
na escolha do programa", diz.
Depois de "Vanessa", ela não
planeja novos papéis operísticos.
"Não estou interessada em aprender novos papéis. E ópera é muito
cansativo. É mais fácil me concentrar em concertos e recitais, pois a
ópera toma muita energia."
KIRI TE KANAWA E ORQUESTRA
FILARMÔNICA DE MULHERES.
Quando: hoje, às 11h. Onde: parque
Ibirapuera. Quanto: entrada franca
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