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Crítica drama Filme mostra que é possível fazer cinema comercial não publicitário RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA O embate central de "No" não é entre apoiadores e opositores de Pinochet no plebiscito sobre sua permanência na presidência do Chile. Dirigido por Pablo Larraín, filho de políticos de direita, o filme toma, grosso modo, o lado do "No" a Pinochet. Com as questões institucionais deixadas em segundo plano, o enfrentamento mais interessante do filme, porque mais ambíguo, passa a ser entre um modo publicitário e outro não publicitário de fazer uma campanha política -e de olhar para o mundo. René (Bernal) encarna a dualidade do Chile naquele momento: filho de exilados políticos, ele ganha a vida fazendo comerciais esdrúxulos, até ser convidado a dirigir a campanha pelo "No". Ao se deparar com cenas de violência policial e depoimentos sobre torturas, René contrapõe com a publicidade: videoclipes "para cima", esquetes de humor. Ou seja, o publicitário vende uma reivindicação social como sabonete, usa a linguagem do poder (econômico) para derrotar o poder (político). Ao fim, não se sabe se o maior vencedor da campanha foi a esquerda ou a publicidade, e essa ambiguidade é o grande trunfo de "No". Com olhar crítico e domínio narrativo, o diretor mostra que é possível fazer cinema comercial não publicitário -lição bem-vinda aos brasileiros.
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