São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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TENDÊNCIA

Construtor admite que ela é sacrificada para beneficiar outras mais nobres

Área de serviço continuará pequena e menosprezada

Fernando Moraes/Folha Imagem
DESCONFORTO
Flávio Prado, 33, dono de um imóvel de 70 m2, está infeliz com os 1,82 m2 da sua área de serviço. "Além da falta de espaço, se eu não fechar a janela, bato a cabeça"

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Se o sonho de consumo dos moradores de imóveis "populares" já não está tão distante, o mesmo não se pode dizer de quem busca mais espaço na área de serviços de um "alto padrão".
Para comportar o tanque, a máquina de lavar e a secadora, a área de serviço deve ter, no mínimo, 5 m2, de acordo com o diretor de incorporações da construtora Schahin, Cássio Mantelmacher.
Mas, segundo ele, há lançamentos de 120 m2 a 150 m2 com áreas de serviço de apenas 3 m2 e de "populares" com apenas 2 m2.
O arquiteto Cláudio Miotto, da construtora Rossi (14.577 unidades entregues), considera "sofrível" uma área de serviços de 2 m2, mas tem estudos para construir uma com o dobro da metragem num imóvel de 160 m2. "Não cresce proporcionalmente", diz.
Nos imóveis entre 130 m2 e 220 m2, da Líder (1.200 unidades), a área de serviço varia de 5 m2 a 6 m2, diz Fábio Franco, gerente da construtora. Só nos acima de 250 m2 ela tem 10 m2.
Alberto Du Plessis, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliárias), admite que a área de serviço é sacrificada para beneficiar outras, mais nobres, como sala e quartos.
"Hoje, o comprador tem o bolso apertado, mesmo nas classes mais altas", afirma. Nesse sentido, a equação do construtor é oferecer o máximo pelo que o consumidor está pagando, já que o custo do imóvel é proporcional à área total.
"Como os dormitórios já estão em dimensões bastante compactas, eles preferem sacrificar as áreas de serviço a ter de reduzir as áreas sociais", explica Du Plessis.
Bairrismo O morador da zona norte da cidade prefere viver perto da família e por isso opta por imóveis com cozinha ampla, onde se reúne no fim de semana ou datas comemorativas. Já o da zona sul, que fica menos em casa, valoriza mais quartos e varandas espaçosos, além de uma área de lazer mais generosa e, sobretudo, segurança, revelam as pesquisas da Rossi.
Também conhecedora da classe média, a Schahin diz que sabe o que o seu consumidor quer. "Metragem maior em detrimento do acabamento", diz Mantelmacher. "Ele deseja escolher detalhadamente living, suíte e cozinha."



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