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INCORPORADORAS
Compra direta se populariza, mas é opção mais cara
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ainda que mais cara, a aquisição de imóveis direto com a incorporadora se mostrou mais popular que o financiamento bancário em 2003. Pesquisa do Secovi-SP (sindicato da habitação) revela
que, diferentemente do que ocorreu nos anos de 2001 e de 2002, as
vendas das 26.247 unidades lançadas no ano passado foram feitas
por meio de incorporadoras em
53% dos casos, contra 46% via financiamento pelo SFH -restando 1% para outras modalidades.
"O comprador gosta porque
pode quitar o imóvel em dois terços do tempo que levaria pelo
SFH", afirma o vice-presidente do
Sinduscon e responsável pela área
econômica do órgão, Eduardo
Zaidan. Além disso, enumera ele,
"o sistema bancário é excessivamente regrado" e financia, em
média, apenas 60% do valor do
imóvel (avaliado pelo agente financeiro). "Eles têm milhões de
regrinhas", diz.
A popularidade da compra direta, porém, não é sinônimo de
segurança total na transação. Das
reclamações a respeito do setor
imobiliário registradas pelo Procon-SP (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor), "a maioria tem como motivo o atraso na
entrega da obra", diz Sonia Cristina Amaro, assistente de direção.
Outro item campeão de queixas
é o valor das prestações. "O consumidor tem muitas dúvidas sobre a aplicação dos juros", conta.
Foi o caso da designer Ana Cristina de Almeida, 34, que comprou
um apartamento financiado direto com a incorporadora na planta.
O contrato que ela assinou previa correção pelo IGP-M e juros
pela Tabela Price. "Paguei seis
anos, porém a parcela ficou muito
alta. Tentei negociar quatro vezes.
Como não consegui, procurei a
ABMH [Associação Brasileira de
Mutuários da Habitação]."
Cálculo refeito, foi constatado,
na visão da ABMH, que a aplicação dos juros estava errada. "Entrei com ação em dezembro", afirma a designer. Desde então, ela
vem depositando sua mensalidade em juízo. O valor, que era de
pouco mais de R$ 700 no início do
plano, havia subido para R$ 2.300.
Agora, ela deposita R$ 1.420 por
mês. "Se eu soubesse que os juros
se acumulariam dessa maneira,
talvez não tivesse assinado o contrato", argumenta.
O taxista Vagner Cardoso Dias,
36, não conseguiu manter os pagamentos quando foi demitido
de um emprego como fiscal e
precisou transferir seu financiamento para outra pessoa. "A
prestação foi aumentando e eu
não consegui mais pagar. Tentei
fazer acordo com a construtora,
mas não tive sucesso. Perdi tudo
o que paguei durante um ano inteiro, pois não recebi nada de
volta", conta ele.
Depois disso, ele resolveu trabalhar como taxista. Entrou na
Justiça para reaver o dinheiro das
prestações pagas, mas o caso se
arrasta até hoje. "Queria receber
pelo menos uma parte do investimento", explica.
A jornalista Aline Tolentino,
22, já pagou dois condomínios,
mas ainda não entrou no apartamento que comprou na planta. E
nem vai entrar. "Cancelei o contrato e vou brigar para receber
meu dinheiro de volta", diz.
Na época da compra, ela se interessou pela unidade de três
quartos por custar quase o mesmo que a de dois. Na entrega das
chaves, porém, quando foi financiar o restante do contrato na
CEF, descobriu que os juros da
de três eram maiores. "Deveria
ter lido o contrato com calma."
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