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CONSÓRCIOS
Sistema não exige renda mínima e tem adesão fácil, mas é problema se consorciado só ganhar a carta de crédito no fim do período
Plano favorece quem tem dinheiro à mão
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No meio-termo entre a rigorosa
burocracia bancária e os altos preços dos financiamentos via incorporadora, o setor de consórcios
cresceu 25% nos últimos 12 meses. Passou de 638 grupos em andamento em março de 2003 a 799
atuando em março de 2004, segundo o Banco Central.
Na modalidade, ganha o crédito
mais rápido quem tem sorte (há
um premiado por reunião da assembléia do consórcio) e quem
tem um bom dinheiro reservado
para dar lances -os mais altos
também antecipam o empréstimo. Quem não se encaixa nesses
parâmetros tem de esperar até o
final do plano para receber.
"[O consórcio] é uma boa solução, mas a desvantagem é que o
consorciado tem de pagar as prestações e o aluguel ao mesmo tempo. E não há rendimento para o
dinheiro empregado, que poderia
ser aplicado em investimentos",
diz Sérgio Herrera, presidente da
Abami (Associação de Advogados do Mercado Imobiliário).
O consórcio também não é um
bom negócio para quem desistir
no meio. O dinheiro pago só volta
ao consorciado no fim do plano
(o melhor é tentar vender a cota).
Outro risco é o da falta de pagamento. A inadimplência dos integrantes afeta o grupo todo.
Como funciona
Regulamentado pelo Banco
Central, o sistema prevê a constituição de um grupo de pessoas
que formam uma poupança destinada à compra de imóveis.
Todos pagam uma mensalidade. O dinheiro contempla periodicamente os integrantes com um
crédito, a ser usado na compra do
bem indicado em contrato.
Para coordenar os grupos, a administradora cobra uma taxa,
além de seguro (algumas oferecem seguro-desemprego) e do
fundo de reserva.
A modalidade é a segunda menos onerosa do mercado, atrás do
SFH. É ainda, no entanto, pouco
conhecida do grande público. Para seduzir novos participantes, as
empresas do setor criam promoções e facilidades especiais.
O consórcio Porto Seguro, por
exemplo, pode ser contratado em
144 parcelas sem juros. Para cada
grupo são contemplados um consorciado por sorteio e, em média,
dois por lance. O participante pode usar até 30% do seu crédito,
além do FGTS, para o lance.
Outra facilidade é o plano para
quem paga aluguel: durante o período em que é inquilino, o consorciado tem sua mensalidade reduzida. A diferença é paga após a
contemplação. O consórcio Batistella tem o plano Inquilino Nunca
Mais, pelo qual o cliente começa
pagando 50% da prestação.
Custo e benefício
O dinheiro pago ao consórcio é
corrigido apenas por um índice
de preço do mercado. Para quem
pode separar uma porção mensal
do salário para poupar, vale mais
a pena investir em fundos.
Pensando na compra de um
imóvel de R$ 150 mil, o professor
William Eid Júnior, da FGV-Eaesp, faz a comparação. "O investidor obtém o valor em 99 meses em investimentos conservadores (com juros de 0,8% ao
mês), contra 180 meses no consórcio. Economiza 81 meses no
mercado financeiro, mas precisa
ser disciplinado", explica.
Quem não tem essa virtude e
prefere apostar num consórcio
deve consultar a situação das administradoras no site do Banco
Central (www.bcb.gov.br).
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