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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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A nova geração

Ethan Canin
Destaque na cena literária recente de San Francisco (Costa Oeste dos EUA), sua prosa já assumiu ambientações variadas, seja na chamada América profunda (em "Blue River") ou na metrópole nova-iorquina nos anos 70 (em "For Kings and Planets"). Canin admite como principais influências os escritores Saul Bellow e Scott Fitzgerald. No Brasil, já foi publicado "O Ladrão do Palácio" (Ediouro), uma antologia com quatro narrativas que apanham personagens em instantes de impasse e de decisão existencial, em meio à banalidade do cotidiano

Michael Chabon
Nascido em 1963, em Washington, estudou na Universidade de Pittsburgh. Chabon recebeu elogios do público e da crítica graças a obras como "Garotos Incríveis", "Usina de Sonhos" e "Incríveis Aventuras de Kavalier & Clay" (todas publicadas no Brasil pela ed. Record). O último, que em 2000 ganhou o Prêmio Pulitzer de melhor romance, retrata a Nova York que se segue ao crash na Bolsa, nos anos 30 e 40. O "New York Times" destacou "a linguagem aguda e o engenho"

Dave Eggers
Editor da revista trimestral "McSweeney's Quarterly Concern" e do site de crítica e literatura "McSweeney's" (www. mcsweeneys.net), Eggers é um dos escritores mais esquivos da nova geração. Avesso a fotos e entrevistas, lançou-se em 2000 com o ousado livro de memórias "A Heartbreaking Work of Staggering Genius" (publicado no Brasil pela Rocco como "Uma Comovente Obra de Espantoso Talento"), que se apóia no embaralhamento de gêneros e metatextualidade narrativa. Apesar da pouca idade -33 anos- e da pequena produção -lançou no ano passado seu segundo romance, "You Shall Know Our Velocity" (Você Deve Conhecer Nossa Velocidade)-, Eggers influenciou escritores como os americanos Ben Greenman e Neal Pollack e mesmo a inglesa Zadie Smith

Ben Greenman
Editor da revista "New Yorker", lançou-se em 2001 com a coleção de narrativas curtas "Superbad". Bastante diferentes entre si, elas oscilam desde histórias relativamente convencionais até fragmentos de programas de TV ou trechos de músicas fictícios

A.M. Homes
Crueldades cotidianas de uma América triunfante e estranha. Famílias de uma felicidade "publicitária" que mal camufla os conflitos reais. Sexualidade, rebeldia, psicose. É esse o tipo de olhar sobre a sociedade americana lançado pela jovem e polêmica escritora, segundo quem, "após a Segunda Guerra, construiu-se uma sociedade baseada no conceito de "sonho americano", mas se esqueceu daquilo que a palavra sonho implica'". Escreveu livros como "Music for Torching" (1999) e "The End of Alice" (1996)

Matthew Klam
Sua notoriedade veio com o livro de contos "Sam the Cat and Other Stories" (2000), em que aborda com humor as complicações da sexualidade e da vida afetiva nos tempos atuais. Klam diz que as seguintes questões impulsionam sua ficção: "O amor faz mal? Posso conhecer a pessoa que amo? Posso confiar na amizade? Posso aceita o êxito?". Dizendo-se influenciado por Alice Munro e John Cheever, Klam é um escritor com grande penetração entre os leitores jovens

Michael Knight
Trabalha como professor de escrita criativa. É autor de "Dogfight and Other Stories" (1998), uma coletânea de contos marcados pelo sabor local das narrativas -passadas no Alabama, seu Estado natal- e pela habilidade em transpor pessoas comuns para uma dimensão quase mítica, evocando figuras como Édipo e Caim e Abel. Em seus textos, os animais desempenham habitualmente a função de catalisadores das ações humanas, como adultérios ou brigas. Sobre suas influências, Knight diz: "Scott Fitzgerald me fez escrever. [Raymond] Carver me fez acreditar que era possível"

Jonathan Lethem
Autor de "Brooklyn sem Pai nem Mãe" publicado em 1999 e lançado aqui pela Companhia das Letras, Lethem admite ter sofrido influências de Don DeLillo, Kafka e Hitchcock. Transitando por gêneros como o western, a ficção científica e a narrativa policial, seus contos e romances constroem, nas palavras do autor, uma "celebração de Nova York, de sua variedade sublime e monstruosa, a cor e energia de suas ruas, seu espectro étnico e sua santidade secular". O ambiente contracultural e boêmio do Brooklyn dos anos 70, onde cresceu, é uma referência central para o conjunto de sua obra

Chuck Palahniuk
"Nossas vidas são muito limpas no mundo ocidental. Raramente vemos um morto em nossa vida. Não matamos para comer. Evitamos os comportamentos violentos. Quem sabe a ficção descarnada seja uma forma de dar saída a essas experiências", defende Palahniuk, que se celebrizou pela prosa crua e pelas situações "selvagens" de narrativas como "Clube da Luta" (ed. Nova Alexandria), de 1996 -livro que seria levado às telas por David Fincher, em 1999. Palahniuk se diz influenciado por Michael Chabon e David Foster Wallace, os únicos escritores contemporâneos que leu. Em julho ele irá lançar nos EUA "Fugitives and Refugees", um livro de viagens sobre a cidade de Portland, no Estado de Oregon

Neal Pollack
O jornalista de Chicago transformou a si mesmo em um arquétipo -um "titã das letras americanas", como em "The Neal Pollack Anthology of American Literature" (2000). Para a "Rolling Stone", o livro é "uma grande sátira da vaidade autoral"

George Saunders
Também de Chicago, ganhou destaque com livros como a antologia "Pastoralia" (2001), em que projeta para o futuro próximo uma América convertida em "parque temático" e recortada em lugares como "A Cidade das Drogas". Sua prosa é afeita ao humor escatológico e ao exagero. Outros livros do autor são "CivilWarLand in Bad Decline" (1996). Sua ficção já apareceu em revistas de peso, como a "New Yorker", além de ter ganho o National Magazine Award em 1994 e 1996. Formou-se em engenharia geofísica, especializando-se em análises sísmicas para a prospecção de petróleo, ramo que o levou a passar dois anos na ilha de Sumatra, na Indonésia

David Foster Wallace
Considerado um dos mais expressivos autores da nova geração -tendo inclusive amealhado uma espécie de culto em torno de si-, sua notoriedade se deve em especial ao romance "Infinite Jest", que lançou em 1996, aos 33 anos. O livro -assim como "The Broom Of The System" (1987)- narra uma busca de significado e identidade pessoal, e, segundo a crítica feita pelo "New York Times" à época, caracteriza a vida americana de então como "depressiva, intoxicada e totalmente comercializada"


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