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5 heróis tímidos da literatura
Lucy Snowe ("Villette")
"Villette" (1853) foi o último
romance completo escrito
por Charlotte Brontë, e Lucy
Snowe é a mais complexa
heroína da autora. Ela é uma
garota tímida e reclusa que
guarda um amor poderoso e
não-correspondido por um
amigo de infância, que só revelará anos mais tarde, já
adulta. Extraordinariamente
inteligente, identifica-se
com atrizes e figuras históricas fortes e mesmo agressivas, como Cleópatra.
Silas Marner ("Silas Marner")
Romance de 1861 de George
Eliot. Marner é um tecelão
tímido, solitário, mas de
bom coração, traído por sua
noiva e seu melhor amigo
bem como pela comunidade
religiosa à qual pertencia.
É exilado por causa de um
"crime" que na verdade foi
seu amigo quem cometeu. É
ridicularizado e roubado por
uma segunda comunidade
em que tenta ingressar, mas
encontra consolo e amor servindo como guardião de uma
pequena menina, Eppie. Fascinante reflexão sobre os aspectos mais agressivos e
traiçoeiros dos grupos e das
comunidades rurais.
Laura Wingfield
("O Cativeiro de Vidro")
Peça de 1944 de Tennessee
Williams. Trata-se de um
drama familiar melancólico:
Laura, vagamente inspirada
em Rose, irmã de Williams, é
mais doentia e perturbada
que simplesmente tímida.
Ela é dolorosamente frágil,
depois de uma doença de infância que a deixou coxa, e
prefere seus discos e sua coleção de figuras de vidro a
qualquer contato real com o
mundo exterior. Seu irmão,
vagamente inspirado no autor, tenta deixar para trás
tanto ela quando o lar sufocante, mas é assombrado pela culpa depois de fazê-lo.
Boo Radley
("O Sol É para Todos")
Romance de 1960 de Nelle
Harper Lee [ed. José Olympio]. Radley é uma intrigante
meia-presença ao longo da
obra de Lee, um romance sobre crescer no Alabama durante a Grande Depressão.
Como Silas Marner, Radley é
recluso e atrai atenção e mexericos por causa de sua timidez. Diferentemente de
Marner, ele nunca aparece
no romance; conseqüentemente, as crianças que passam por sua casa criam uma
mística poderosa a respeito
dele, tentando assustar
umas às outras com histórias grotescas sobre a malevolência e o potencial de lhes
causar mal que aparenta.
Professor Cottard ("Em Busca
do Tempo Perdido")
Romance de Marcel Proust
publicado entre 1913 e 1927.
Cottard é uma personagem
fascinante e altamente inteligente da obra semiautobiográfica de Proust. Tímido e
acanhado, ele se reprime em
ocasiões sociais.
Por tal razão, Cottard refreia
sua carreira, quando um homem menos reflexivo tentaria avançar. Já houve um debate considerável sobre se
ele é um amálgama de diversos médicos que Proust conheceu ou se é, simplesmente, uma contrapartida ficcional do dr. Jules Cotard, colega de turma do pai de Proust
que, como o Cottard do romance, é sério, reflexivo e
preza a devoção à família em
detrimento da carreira.
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