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Cultura
Não é brincadeira
Anunciantes driblam leis para estimular consumo de produtos não-saudáveis, diz relatório
JEROME TAYLOR
As crianças ainda são
alvos de fabricantes
de "junk food" que
anunciam seus produtos pela internet
ou por meio de promoções "virais", apesar da proibição no
Reino Unido de anúncios de
TV promovendo alimentos
pouco saudáveis para menores
de 16 anos.
Um relatório do grupo de defesa dos consumidores Which?
[Qual?] revela que empresas
que fabricam produtos com alto teor de sal, gordura e açúcar
continuam a usar táticas testadas e comprovadas para promover alimentos menos saudáveis para o público infanto-juvenil ao mesmo tempo em que
exploram táticas de publicidade de "porta dos fundos" para
evitar os regulamentos.
Em janeiro deste ano, devido
à preocupação com o aumento
da obesidade infantil, foi proibida a veiculação de comerciais
de "alimentos pouco saudáveis" na TV.
Novas táticas
Mas os defensores dos consumidores dizem que as empresas estão agindo com astúcia crescente, encontrando outras maneiras de anunciar seus
produtos para as crianças.
O relatório constatou que,
além do emprego de técnicas
tradicionais para comunicar-se
com o público infantil e juvenil
-como personagens de quadrinhos, vinculações com filmes e
o endosso de celebridades-, os
fabricantes de "junk food" vêm
promovendo seus produtos para crianças por meio da web, de
sites de jogos ou concursos patrocinados em celulares, cujos
participantes podem ganhar
prêmios.
Sue Davis, do Which?, explicou: "Não nos opomos aos alimentos gostosos nem ao marketing, mas combatemos as
práticas irresponsáveis das empresas e as promessas feitas por
elas da boca para fora".
"Basta percorrer qualquer
supermercado para ver a quantidade de personagens de quadrinhos que convencem as
crianças a escolher a opção menos saudável. É hora de todos
os fabricantes de alimentos começarem a fazer sua parte e
voltar sua enorme gama de técnicas de marketing criativas e
persuasivas para a venda de alimentos mais saudáveis às
crianças, em lugar dos menos
saudáveis", conclui ela.
Embora as leis britânicas estejam entre as mais duras do
mundo no que diz respeito à regulamentação de como e quando as empresas podem anunciar seus produtos para o público infantil, os sites de marcas
têm liberdade total em relação
a seus conteúdos, como jogos e
promoções, já que estes são
classificados como conteúdo
editorial.
Mudanças na lei
Desde 1º de janeiro passado,
numa tentativa de fazer frente
à preocupação crescente com a
obesidade infantil, os anúncios
promovendo alimentos pouco
saudáveis foram proibidos na
televisão em programas populares com as crianças menores
de 16 anos.
Os canais via satélite voltados ao público infantil têm até
dezembro para fazer a retirada
progressiva desses anúncios.
Muitos ativistas da saúde dizem que o governo deveria ter
proibido toda e qualquer publicidade de "junk food" exibida
antes das 21h.
A Campanha Alimentação
Infantil estima que 18 dos 20
programas mais assistidos pelas crianças não são cobertos
pela proibição, por serem classificados como programas
adultos.
Já as emissoras de TV argumentam que a qualidade da
programação infantil será prejudicada devido à queda na receita publicitária.
A íntegra deste texto saiu no "Independent".
Tradução de Clara Allain.
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