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A falsa carta do rei da Prússia
(escrita por Walpole, com colaboração de Hume)
Meu caro Jean-Jacques,
Você renunciou a Genebra, sua terra natal; foi expulso
da Suíça, país que elogiou tanto em seus escritos; na
França, foi proibido. Venha então a mim; admiro seus
talentos; divirto-me com seus devaneios, aos quais, diga-se de passagem, você dá atenção e tempo demais.
Já é mais que hora de ser feliz e prudente. Você já é
muito falado por causa de idiossincrasias que não cabem a um homem verdadeiramente grande. Mostre a
seus inimigos que às vezes pode ter bom senso; isso os
irritará sem que lhe faça mal. Meus domínios lhe oferecem um refúgio pacífico; quero-lhe bem, far-lhe-ei
bem, se isso bem lhe parecer. Mas, se você se obstinar
em recusar minha ajuda, saiba que não direi palavra a
ninguém. Se insistir em ficar procurando novos infortúnios, faça o que quiser. Sou rei e posso fazê-lo tão infeliz quanto você quiser; mas, o que seus inimigos jamais farão, pararei de persegui-lo quando você deixar
de se gabar de ser perseguido.
Seu bom amigo,
Frederico.
Tradução de RENATO JANINE RIBEIRO.
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