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Filhos da cesta básica
Estudos divergem quanto ao aumento do IDH em regiões canavieiras
DOS ENVIADOS AO INTERIOR DE SP
M
aria Vanilda Sabino diz que a
filha Vitória
tem uma boneca. A menina de
quatro anos, porém, não sabe
onde ela está.
Maria mora com o marido
nos fundos de uma casa. Cortador de cana, com carteira assinada por usina, Antônio é analfabeto como a mulher.
Com o casal dormem três filhas no quarto. Na cozinha,
diante do fogão, dois filhos.
Não há geladeira. O terceiro cômodo é um banheiro. Os três
rebentos maiores estão no
Nordeste -são oito no total.
A alagoana Maria chegou a
Serrana no ano passado. O peso
de duas meninas caiu para o nível de desnutrição. Engordaram graças a leite e cesta básica
doados pela prefeitura. Em junho, como sempre, Maria recebeu R$ 112 do Bolsa Família.
Em mês recente, Antônio ganhou R$ 487 líquidos. Só de
aluguel se foram R$ 140. Sua
renda é a única do lar.
Artigo inédito dos economistas Francisco Alves (UFSCar) e
Marcelo Paixão (UFRJ) analisou 71 municípios paulistas
que tinham mais de 40% de superfície total ocupada com cana na década de 1990.
Concluiu que nessas cidades
a renda é maior, porém apenas
sete alcançavam em 2000 IDH
(Índice de Desenvolvimento
Humano, que contempla também saúde e educação) maior
que a média do Estado. Só 13
superavam o IDH médio de
suas microrregiões. E em 43 a
desigualdade ultrapassava a
das microrregiões.
Também com base em dados
do IBGE de 2000, os professores da USP Alceu Salles Camargo Júnior e Rudinei Toneto Júnior chegaram a constatações
opostas.
Pesquisa da dupla sustenta
que os municípios com pelo
menos 28,8% de cana-de-açúcar plantada, no conjunto da
área da lavoura (não da superfície total), têm IDH maior que
os sem esse perfil agrícola.
Em sentido contrário, estudo
do presidente do Ipea, Marcio
Pochmann, afirma que 81% das
famílias dos trabalhadores do
setor sucroalcooleiro de SP
(agricultura e indústria) tiveram em 2005 rendimento de
até dois mínimos.
"É o público do Bolsa Família, de renda equivalente", diz
Pochmann.
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