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Manual antiquado
Máquinas já colhem 50% da safra em SP; a cada 1% de área mecanizada, 2.700 pessoas perdem emprego
DOS ENVIADOS AO INTERIOR DE SP
Moradores de cidades litorâneas praguejam
contra o estrago que a maresia faz nos eletrodomésticos.
Mas não têm idéia do inferno
que é, para a limpeza de casa, a
sujeira nos municípios onde se
cultiva cana.
Limpa-se de manhã, e, à noite, a fuligem das queimadas encobre tudo de novo. A imundície vai acabar, bem como o fogo
e os cogumelos de fumaça que
lançam gás carbônico e outros
poluentes que conspiram para
o aquecimento global.
Protocolo ambiental do governo do Estado com as usinas
prevê para 2014 o fim das queimadas em áreas passíveis de
colheita mecanizada de cana e,
para 2017, nas não mecanizáveis (acima de 12 graus de declive). Conforme a Unica, estas
representam em torno de 7%.
Antonio de Padua Rodrigues,
diretor técnico da entidade,
afirma que o prazo será antecipado: "2014 será quase o fim".
A produtividade dos cortadores é maior em lavouras submetidas antes à queima. O fogo
preserva as varas, e o corte manual fica mais simples.
E menos perigoso -as queimadas eliminam animais peçonhentos. Na cana crua, a colheitadeira é ainda mais rentável que o homem.
A safra deste ano (denominada 2008/2009), de abril a novembro, é a primeira em que
pelo menos metade da cana será colhida mecanicamente,
anuncia a Unica. O custo da
operação da colheita mecanizada é 20% menor.
As máquina substitui cerca
de 80 homens. O conjunto de
equipamentos que inclui a colheitadeira sai em média por
R$ 1,2 milhão, calcula a Unica.
Há 1.650 em ação em SP.
Em 2006, o Estado produziu
299 milhões de toneladas de
cana e empregou 189,6 mil pessoas no corte manual. No total,
contando a colheita mecânica e
a indústria de etanol e açúcar,
havia 260,4 mil empregados.
Em 2015, dizem os usineiros,
será zero o emprego em colheita manual. Na cadeia produtiva, haverá 127,8 mil funcionários, mesmo colhendo 457 milhões de toneladas.
Os cortadores são 135 mil em
São Paulo em 2008, estimam
os empresários. No Brasil, ao
todo seriam 335 mil. A Unica
adota estatísticas de um estudo
que, baseado no IBGE, quantificou em 566 mil os trabalhadores no cultivo da cana no
país em 2006. No Nordeste, os
cortadores serão mantidos por
mais tempo que em SP.
No centro-sul, que concentra
o setor sucroalcooleiro e inclui
o Sudeste, a colheita na safra é
11,57% maior que em 2007 no
mesmo período. A produção de
açúcar caiu 2,51%, mas a de álcool se expandiu 15,61%.
Destina-se ao etanol 60% da
cana. O Instituto de Economia
Agrícola, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP,
avalia que, a cada 1% de área
mecanizada, desempregam-se
2.700 pessoas.
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