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Análise - Eleições EUA

Romney cresce após estreitar diferenças políticas com Obama

No debate da semana passada, republicano adotou posições menos extremas na economia e na saúde

Os americanos já não têm uma escolha clara entre abordagens diferenciadas

ABRAHAM F. LOWENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mitt Romney certamente se saiu melhor que Barack Obama no debate presidencial da semana passada.

Impressões desse tipo importam, mas é bem possível que mudem em novo encontro e sob novo formato, na próxima terça. Por isso, não devemos exagerar seu impacto em longo prazo.

Até o momento, Obama vem tendo mais sucesso em projetar compreensão e simpatia para com as preocupações dos americanos de renda baixa e média e estabeleceu forte liderança entre mulheres e eleitores latinos.

As chances de vitória de Romney dependem de garantir forte presença às urnas e reduzir a vantagem de Obama nesses segmentos.

No debate, Romney deliberadamente estreitou as diferenças políticas com Obama. Distanciou-se de declarações anteriores, dos pronunciamentos de seu companheiro de chapa, Paul Ryan, e da plataforma republicana.

Depois de meses insistindo em que cortaria os impostos em 20% para todos e tiraria o governo do negócio do seguro-saúde, Romney prometeu no debate que não reduziria as alíquotas pagas pelos americanos mais ricos.

E disse que reduziria ou eliminaria as isenções tributárias que os beneficiam.

Depois de meses praticamente rejeitando o plano de seguro-saúde que ele mesmo desenvolveu como governador de Massachusetts, Romney retomou a abordagem, que de certo modo serviu de modelo à reforma de Obama.

Prometeu manter os aspectos mais populares do Obamacare, incluindo cobertura a problemas de saúde pré-existentes e acesso ao plano de saúde federal Medicare.

Obama parece ter ficado temporariamente sem ação diante dessas ousadas mudanças de rumo empreendidas por Romney em direção às posições adotadas por seu próprio governo.

Portanto, os americanos talvez já não tenham uma escolha clara entre duas abordagens fortemente diferenciadas quanto à política econômica e o papel do Estado.

As questões centrais quanto à política econômica agora são determinar se a condução da economia por Obama está funcionando, ainda que lentamente; que candidato merece mais confiança em seu compromisso de combinar redução de deficit, auxílio à classe média e investimentos em infraestrutura, educação e criação de empregos; e que candidato teria mais chances de persuadir o Congresso a apoiar suas recomendações.

Não são questões simples, e talvez nem todas tenham a mesma resposta.

No nível declaratório, as diferenças entre Obama e Romney quanto à política externa continuam grandes.

Romney ataca Obama por sua suposta fraqueza em confrontar países hostis e proteger a segurança e os interesses econômicos dos EUA e por não dedicar a atenção necessária a Israel e à América Latina. Resta determinar se essas críticas terão efeito à luz do histórico de Obama.

ABRAHAM F. LOWENTHAL é professor emérito da Universidade do Sul da Califórnia.

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