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Refugiados causavam preocupação ao Brasil
DA REDAÇÃO
Os documentos liberados pelo
Departamento de Estado revelam
a dimensão do problema dos refugiados argentinos no Brasil nos
anos 70. O caso de Guillermo Torres Castaños é ilustrativo da situação de mais de mil pessoas que,
em 1977, passavam por circunstâncias semelhantes.
Em agosto de 77, Belela Herrera,
então representante do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) no Rio, disse ao cônsul dos EUA na cidade que a ONU
já havia transferido 52 refugiados
argentinos a outros países. Outros
200 casos de argentinos que procuraram o Acnur para conseguir
chegar à Europa ou aos EUA estavam em andamento.
As comunicações diplomáticas
americanas trazem revelações sobre a política do regime militar do
Brasil -à época sob o comando
de Ernesto Geisel -com relação
aos refugiados. Telegrama da embaixada em Brasília dizia: "O crescente número de refugiados argentinos causa dois problemas ao
governo: a) medo de que contribuirão com os distúrbios políticos
devido à sua suposta orientação
esquerdista; e b) problemas sociais e econômicos devido ao desemprego no mercado local".
E continuava: "Embora pareça improvável que a política
do Brasil tenha mudado com
relação aos refugiados políticos, a imprevisível situação
política e econômica tem resultado num tratamento mais
rigoroso contra eles".
Na visão dos representantes
americanos, o Brasil, em geral,
respeitava os argentinos registrados no Acnur. "Os não-declarados, entretanto, que entraram como turistas e tentam
se mesclar à população, continuam sujeitos a ser deportados como ilegais comuns. Ou,
em alguns casos, são sujeitos à
repatriação deliberada pelas
autoridades locais de segurança no sul do Brasil."
Em alguns casos, o Brasil
agia da forma relatada, repatriando refugiados à Argentina. Foi o caso de Cristina Glória Fiori de Vina, sequestrada
em novembro de 1978 por policiais brasileiros acompanhados de um policial argentino
em Uruguaiana. Segundo escreveu à época o cônsul americano em Porto Alegre, "as circunstâncias sugerem que ela
tenha sido clandestinamente
levada para a Argentina".
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