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Emirados Árabes
exortam Saddam
a deixar o poder
DA REUTERS
Os Emirados Árabes Unidos
propuseram ontem, durante a
reunião da Liga Árabe no Egito,
que o ditador iraquiano, Saddam
Hussein, e seus principais assessores deixassem o poder -partindo para o exílio- para evitar a
guerra contra os EUA.
Foi a primeira vez em que um
Estado árabe exortou oficialmente os líderes iraquianos a renunciar a seus postos e a deixar o Iraque. No mês passado, o governo
dos EUA disse que, se Saddam
deixasse voluntariamente o poder, o conflito poderia ser evitado.
Saddam já afirmou, algumas vezes, que não deixaria o Iraque,
preferindo "morrer" se isso fosse
necessário. Na primeira reação
oficial à proposta dos Emirados
Árabes Unidos, o chanceler saudita, Saud al Faisal, disse que a iniciativa ainda não tinha sido totalmente planejada, mas que a idéia
seria discutida exaustivamente.
"Temos certeza de que os Emirados Árabes Unidos não farão nada que não seja interessante para
os árabes", disse. Nenhum outro
país comentou a proposta.
Pela proposta, os líderes políticos iraquianos teriam direito a
"todos os privilégios cabíveis" para deixar o Iraque nas duas semanas que se seguiriam à sua aceitação por parte de Saddam.
O texto também afirma que os
líderes iraquianos deveriam receber garantias internacionais de
que não seriam alvo da Justiça "de
forma nenhuma" e demanda
uma anistia geral para todos os
iraquianos. A proposta diz ainda
que a Liga Árabe, em cooperação
com a ONU, deveria supervisionar a situação no Iraque durante o
período de transição.
Embora muitos árabes não gostem de Saddam por uma série de
razões -entre as quais a invasão
do Kuait, em 1990-, exortar o
presidente de um país árabe a renunciar é uma medida altamente
controversa. Segundo especialistas em mundo árabe, alguns líderes do Oriente Médio temem que
a renúncia de Saddam possa abrir
um precedente perigoso numa região em que os dirigentes políticos não são conhecidos por seu
amor pela democracia.
Líderes árabes também gostam
de mostrar que suas políticas não
são influenciadas por potências
estrangeiras, como os EUA. Para
um grande número de árabes,
Washington quer fazer da mudança de regime no Iraque o primeiro passo de uma reorganização política regional. Ao mesmo
tempo, analistas dizem que os Estados árabes podem exortar Saddam a deixar o poder, mas sabem
que ele rejeitará a idéia. Com isso,
os líderes árabes poderiam dizer à
população de seus países que tentaram tudo para evitar o conflito.
Em um comunicado divulgado
à noite pelo secretário-geral da liga, Amr Moussa, os 22 membros
do grupo rejeitam "qualquer
agressão ao Iraque", pedem mais
tempo para as inspeções de armamentos da ONU no país e pedem
aos países árabes para negar uma
possível participação em qualquer ação militar contra o Iraque.
A opinião pública árabe se opõe
duramente à guerra, e os líderes
do Oriente Médio sabem que a
instabilidade política poderá aumentar se dezenas de milhares ou
centenas de milhares de árabes
começarem a fazer protestos nas
ruas das grandes capitais.
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