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Lobby liga assessor de McCain à Colômbia
Charlie Black atuou em favor da Occidental, que explora petróleo colombiano; republicano visita país
DA REDAÇÃO
Charlie Black, um dos principais assessores do candidato
republicano à Casa Branca,
John McCain, fez lobby para
empresas americanas que
atuam na Colômbia e para empresas colombianas que têm
negócios nos Estados Unidos.
McCain chegou ontem à noite a
Cartagena, norte da Colômbia,
em sua primeira viagem à América Latina como candidato.
De acordo com reportagem
de ontem do "New York Times", a firma que Black presidia, a BKSH & Associates, desde 1998 ganhou mais de US$ 1,8
milhão representando a Occidental, principal produtora estrangeira de gás e petróleo em
território colombiano. A empresa também já representou
fabricantes colombianos de
têxteis e vestimentas.
Segundo registros oficiais,
Black, que deixou a presidência
da BKSH em março, fez lobby
no Congresso, no Departamento de Estado e na Casa Branca
em nome da Occidental.
"Embora ele não tivesse
grande visibilidade, topávamos
com sua sombra com freqüência", disse ao "Times" Larry
Birns, diretor do Conselho para
Assuntos Hemisféricos, grupo
de estudos de Washington.
A Colômbia é o maior aliado
dos EUA na América do Sul,
tendo recebido desde 2001 cerca de US$ 4 bilhões para o combate às drogas e à guerrilha.
Mas o acordo de livre-comércio
entre os dois países, defendido
por McCain, está parado no
Congresso americano devido à
oposição dos democratas.
Black é o mesmo assessor de
McCain que na semana passada provocou alarde ao dizer à
revista "Fortune" que outro
ataque terrorista aos EUA beneficiaria o republicano.
As atividades da Occidental
Petroleum na Colômbia suscitam polêmica entre grupos de
direitos humanos, de direitos
indígenas e ambientalistas. A
empresa é acusada de poluir
áreas rurais e de cumplicidade
na morte de camponeses vistos
como simpatizantes da guerrilha de esquerda. A Occidental
sempre negou as acusações.
Farc e dor de cabeça
Ao desembarcar em Cartagena, McCain defendeu o acordo
de livre-comércio dos EUA
com a Colômbia. "Haveria graves conseqüências se virássemos as costas para o nosso aliado mais próximo", disse.
O republicano anunciou os
outros temas das conversas que
terá com o presidente colombiano, Álvaro Uribe: "Falaremos sobre drogas e sobre o progresso contra as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia).
Para analistas colombianos,
a visita de McCain pode levar
mais dor de cabeça do que benefícios a Uribe, que tem relações tensas com os vizinhos por
seus vínculos com Washington
e seu discurso afinado com o da
"guerra ao terror" de Bush.
"Uribe comete um erro ao receber um hóspede que não foi
convidado e que não pode lhe
oferecer mais nada, pois a realidade americana é que hoje são
os democratas que dão o tom
das relações", disse Arline Ticker, da Universidade Nacional.
"McCain representa o selo
Bush, que é um selo antipático,
pró-guerra", disse María Emma Mejía, que foi chanceler no
governo de Ernesto Samper,
antecessor de Uribe. O jornal
"El Tiempo", que é uribista, advertiu o presidente para a necessidade de "mostrar equilíbrio" entre o visitante e o candidato democrata Barack Obama. Ontem, o chanceler colombiano, Fernando Araújo, disse
que "as portas estão abertas"
para uma visita de Obama.
Com "The New York Times" e France Presse
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