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Paquistão promete expulsar radicais do serviço secreto
DA REDAÇÃO
O Paquistão precisa expurgar
de seu serviço secreto simpatizantes do extremismo islâmico, afirmou ontem a porta-voz
do governo, Sherry Rehman. O
pedido responde a acusações
de que a principal agência de
inteligência do país, o ISI, esteja envolvida no atentado contra
a Embaixada da Índia em Cabul, que matou 58 pessoas em
julho. A suspeita indiana, que a
Chancelaria paquistanesa rejeita, foi endossada nesta semana por agentes da CIA ouvidos
pelo "New York Times".
As reportagens do "Times"
afirmam que um alto funcionário da CIA apresentou ao Paquistão provas da ligação de
agentes do ISI com militantes
da Al Qaeda e do envolvimento
no ataque de Cabul. Informações sobre o dossiê também foram vazadas por fontes americanas à imprensa paquistanesa.
Segundo o "Dawn", um dos
mais influentes jornais do Paquistão, o chefe da CIA, Michael Hayden, pressionou o
premiê Yousuf Raza Gilani a tomar uma atitude contra a infiltração de extremistas no ISI,
durante sua visita aos Estados
Unidos, nesta semana. "Alguns
dos dados do dossiê da CIA
eram tão definitivos que os paquistaneses não podiam negar", disse uma autoridade não
identificada ao jornal.
Cresce em círculos militares
americanos a percepção de que
o Paquistão, aliado na "guerra
ao terror" desde 2001, já não é
um parceiro confiável, diz o
"Times". Coberto de elogios pelo presidente George W. Bush,
Gilani voltou sem assinar nenhum acordo significativo.
O atentado de Cabul também
estremeceu os contatos com a
Índia, entusiasta da transição
para o governo civil. A Chancelaria indiana afirmou ontem
que a relação com o vizinho
-com quem travou três guerras desde a separação, em
1947- atingiu o ponto mais crítico dos últimos quatro anos.
O envolvimento do ISI com
militantes radicais é conhecido
desde o final da década de 70,
quando, com apoio dos EUA, a
agência armou e treinou guerrilheiros muçulmanos para
combater os soviéticos no vizinho Afeganistão. Manter sob
controle a agência -que tem
doutrina política própria, nem
sempre coincidente com as políticas do Estado- é um dos
principais desafios do imberbe
governo civil paquistanês, empossado há quatro meses.
A tentativa de Gilani de subordinar a agência ao Ministério do Interior foi frustrada na
semana passada pela pressão
dos quartéis -ainda sob influência do ex-ditador e atual
presidente civil do país, Pervez
Musharraf. A ordem para pôr o
ISI sob controle civil foi cancela horas depois de expedida.
Com agências internacionais
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