São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Paquistão promete expulsar radicais do serviço secreto

DA REDAÇÃO

O Paquistão precisa expurgar de seu serviço secreto simpatizantes do extremismo islâmico, afirmou ontem a porta-voz do governo, Sherry Rehman. O pedido responde a acusações de que a principal agência de inteligência do país, o ISI, esteja envolvida no atentado contra a Embaixada da Índia em Cabul, que matou 58 pessoas em julho. A suspeita indiana, que a Chancelaria paquistanesa rejeita, foi endossada nesta semana por agentes da CIA ouvidos pelo "New York Times".
As reportagens do "Times" afirmam que um alto funcionário da CIA apresentou ao Paquistão provas da ligação de agentes do ISI com militantes da Al Qaeda e do envolvimento no ataque de Cabul. Informações sobre o dossiê também foram vazadas por fontes americanas à imprensa paquistanesa.
Segundo o "Dawn", um dos mais influentes jornais do Paquistão, o chefe da CIA, Michael Hayden, pressionou o premiê Yousuf Raza Gilani a tomar uma atitude contra a infiltração de extremistas no ISI, durante sua visita aos Estados Unidos, nesta semana. "Alguns dos dados do dossiê da CIA eram tão definitivos que os paquistaneses não podiam negar", disse uma autoridade não identificada ao jornal.
Cresce em círculos militares americanos a percepção de que o Paquistão, aliado na "guerra ao terror" desde 2001, já não é um parceiro confiável, diz o "Times". Coberto de elogios pelo presidente George W. Bush, Gilani voltou sem assinar nenhum acordo significativo.
O atentado de Cabul também estremeceu os contatos com a Índia, entusiasta da transição para o governo civil. A Chancelaria indiana afirmou ontem que a relação com o vizinho -com quem travou três guerras desde a separação, em 1947- atingiu o ponto mais crítico dos últimos quatro anos.
O envolvimento do ISI com militantes radicais é conhecido desde o final da década de 70, quando, com apoio dos EUA, a agência armou e treinou guerrilheiros muçulmanos para combater os soviéticos no vizinho Afeganistão. Manter sob controle a agência -que tem doutrina política própria, nem sempre coincidente com as políticas do Estado- é um dos principais desafios do imberbe governo civil paquistanês, empossado há quatro meses.
A tentativa de Gilani de subordinar a agência ao Ministério do Interior foi frustrada na semana passada pela pressão dos quartéis -ainda sob influência do ex-ditador e atual presidente civil do país, Pervez Musharraf. A ordem para pôr o ISI sob controle civil foi cancela horas depois de expedida.


Com agências internacionais


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