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Restrita, lei pode frustrar, diz defensor
DA REDAÇÃO
Um dos idealizadores da lei do
divórcio no Congresso chileno, o
senador Carlos Ominami atribui
a demora na aprovação do projeto à forte oposição de uma elite
conservadora e da Igreja Católica.
Ele teme que as restrições que
estão sendo impostas na legislação acabem frustrando as expectativas de que haja um avanço do
Chile na questão do divórcio.
"É um projeto que tem evoluído
de uma forma bastante conservadora, com muitas restrições",
afirmou Ominami, por e-mail, à
Folha. A seguir, leia trechos da
entrevista do senador.
(GC)
Folha - Por que o Chile está tão
atrasado na questão do divórcio
em relação aos países vizinhos?
Carlos Ominami - Porque existe
uma elite conservadora muito poderosa que instalou no Chile a intolerância. A falta de uma lei de
divórcio não se deve à existência
de uma maioria de cidadãos contrários a esse projeto. Deve-se à
essa elite e à Igreja Católica, que,
nesse tema, tem jogado no sentido contrário.
Folha - A lei de divórcio chilena
está baseada nas dos países vizinhos?
Ominami - Não. É um projeto
que tem evoluído de uma forma
bastante conservadora, com muitas restrições. Tenho medo de que
finalmente tenhamos uma lei de
divórcio, mas que, por outro lado,
as pessoas continuem achando
mais conveniente seguir utilizando o sistema da anulação do casamento.
Folha - Por que há uma forte oposição à lei no Chile?
Ominami - Não é uma oposição
social. É uma oposição de elite, de
alguns meios da igreja e do mundo empresarial mais conservadores, que praticam muito o discurso duplo.
Folha A pressão da igreja pode alterar a lei?
Ominami - A igreja já está ajudando a alterar a lei. Infelizmente,
diferentemente de seu papel importante nas lutas pelos direitos
humanos e contra a pobreza, a
igreja está jogando do lado conservador no caso do divórcio.
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