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Tensão com os EUA
ajuda Fidel, diz exilado
MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
O ditador cubano, Fidel Castro,
quer agravar a tensão com o governo dos EUA para justificar a
caça às bruxas iniciada recentemente, na qual 75 dissidentes foram presos, no momento em que
a ilha entra num período de grave
declínio econômico e de possível
de turbulência social, segundo Joe
Garcia, diretor-executivo da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), a mais influente organização cubana dos EUA.
Surpreendentemente, desta vez,
a administração do presidente
americano, George W. Bush, não
precisará enfrentar a tradicional
atitude linha-dura em relação a
Fidel da comunidade cubana da
Flórida. Nos últimos anos, de
acordo com Garcia, a FNCA mudou suas diretivas e busca moderar suas posições, tentando até, no
caso atual, convencer o governo a
não tomar medidas radicais contra o regime cubano.
"Fidel começou os ataques à
oposição, durante a guerra no Iraque, porque se prepara para um
verão longo e quente em termos
sociais e porque calculou mal a
reação americana. Ele esperava
uma reação dura de Washington
para usá-la na cena doméstica,
mas isso não ocorreu", explicou
Garcia à Folha na sede da FNCA,
situada no bairro conhecido como Little Havana, em Miami.
Há alguns anos, a FNCA e outros importantes grupos cubano-americanos estariam fazendo tudo o que estivesse a seu alcance
para que o governo dos EUA
exercesse ainda mais pressão sobre Cuba. Todavia, atualmente,
eles acreditam que uma dura resposta de Washington à recente
onda de repressão em Cuba só venha a ajudar os objetivos de Fidel.
"Somos favoráveis às sanções
dos EUA contra o regime cubano.
Entretanto não lutamos para que
todos os membros da comunidade internacional estabeleçam embargos contra Cuba. As sanções
americanas deveriam funcionar
como estímulo para outros países", afirmou Garcia.
"Na verdade, pedimos ao governo Bush que intensifique contatos
com outros países para tentar
convencê-los a deixar de fazer negócios com Cuba. Não é possível
manter relações normais com um
regime anormal", acrescentou.
Segundo Garcia, a intenção da
FNCA é apoiar todas as leis concebidas, "em qualquer ponto do
planeta", para limitar os recursos
disponíveis para a administração
cubana e para colaborar com a luta da população do país.
"Sou americano e ajo na esfera
política de meu país. A FNCA pede ao governo dos EUA a publicação de uma declaração formal sobre a necessidade da mudança do
regime em Cuba, o cumprimento
das sanções econômicas para limitar os recursos de que dispõe
Fidel, o aumento da ajuda destinada a grupos opositores pacíficos de Cuba e a intensificação das
consultas com países europeus e
latino-americanos", disse Garcia.
Ele afirmou ainda que não tem
ambições políticas no que se refere a Cuba -mesmo que o regime
de Fidel venha a cair em breve.
O jornalista Márcio Senne de Moraes
viajou a convite do governo americano.
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