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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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Tensão com os EUA ajuda Fidel, diz exilado

MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

O ditador cubano, Fidel Castro, quer agravar a tensão com o governo dos EUA para justificar a caça às bruxas iniciada recentemente, na qual 75 dissidentes foram presos, no momento em que a ilha entra num período de grave declínio econômico e de possível de turbulência social, segundo Joe Garcia, diretor-executivo da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), a mais influente organização cubana dos EUA.
Surpreendentemente, desta vez, a administração do presidente americano, George W. Bush, não precisará enfrentar a tradicional atitude linha-dura em relação a Fidel da comunidade cubana da Flórida. Nos últimos anos, de acordo com Garcia, a FNCA mudou suas diretivas e busca moderar suas posições, tentando até, no caso atual, convencer o governo a não tomar medidas radicais contra o regime cubano.
"Fidel começou os ataques à oposição, durante a guerra no Iraque, porque se prepara para um verão longo e quente em termos sociais e porque calculou mal a reação americana. Ele esperava uma reação dura de Washington para usá-la na cena doméstica, mas isso não ocorreu", explicou Garcia à Folha na sede da FNCA, situada no bairro conhecido como Little Havana, em Miami.
Há alguns anos, a FNCA e outros importantes grupos cubano-americanos estariam fazendo tudo o que estivesse a seu alcance para que o governo dos EUA exercesse ainda mais pressão sobre Cuba. Todavia, atualmente, eles acreditam que uma dura resposta de Washington à recente onda de repressão em Cuba só venha a ajudar os objetivos de Fidel.
"Somos favoráveis às sanções dos EUA contra o regime cubano. Entretanto não lutamos para que todos os membros da comunidade internacional estabeleçam embargos contra Cuba. As sanções americanas deveriam funcionar como estímulo para outros países", afirmou Garcia.
"Na verdade, pedimos ao governo Bush que intensifique contatos com outros países para tentar convencê-los a deixar de fazer negócios com Cuba. Não é possível manter relações normais com um regime anormal", acrescentou.
Segundo Garcia, a intenção da FNCA é apoiar todas as leis concebidas, "em qualquer ponto do planeta", para limitar os recursos disponíveis para a administração cubana e para colaborar com a luta da população do país.
"Sou americano e ajo na esfera política de meu país. A FNCA pede ao governo dos EUA a publicação de uma declaração formal sobre a necessidade da mudança do regime em Cuba, o cumprimento das sanções econômicas para limitar os recursos de que dispõe Fidel, o aumento da ajuda destinada a grupos opositores pacíficos de Cuba e a intensificação das consultas com países europeus e latino-americanos", disse Garcia.
Ele afirmou ainda que não tem ambições políticas no que se refere a Cuba -mesmo que o regime de Fidel venha a cair em breve.


O jornalista Márcio Senne de Moraes viajou a convite do governo americano.


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