|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para francesa,
elo profundo
une os dois lados
DA REDAÇÃO
A atual política externa americana mina as relações transatlânticas a curto prazo, contudo não
afeta os interesses mais profundos que ligam os EUA à Europa.
Mesmo assim, se George W. Bush
conseguir reeleger-se em novembro, a continuidade da política
atual poderá ter um impacto negativo mais amplo.
A avaliação é de Anne-Marie Le
Gloannec, diretora-adjunta do
Centro Marc Bloch, um instituto
de pesquisas situado em Berlim, e
autora de "Entre Union et Nation:
les Etats en Europe".
(MSM)
Folha - Como a atual política externa dos EUA afetará suas relações com os principais países da
União Européia no futuro?
Anne-Marie Le Gloannec - É preciso lembrar que ela vem minando bastante essas relações desde
que os EUA decidiram dar início a
uma guerra cega ao terrorismo
global, desprezando as leis internacionais de guerra, as proteções
aos prisioneiros de guerra previstas nas Convenções de Genebra
[1949], a ONU e a posição de seus
tradicionais aliados europeus.
Atualmente, o único país europeu que mantém um verdadeiro
apoio aos esforços americanos no
Iraque é o Reino Unido. E isso
mais por razões históricas do que
por motivos fundamentais. Alguns Estados do Leste Europeu
que apoiavam a coalizão, como a
Polônia, estão muito descontentes com o modo como os EUA lidaram com a reconstrução, privilegiando empresas americanas e,
em menor escala, britânicas.
A médio e longo prazos, todavia, a situação deverá melhorar,
pois interesses geopolíticos, econômicos e culturais mais profundos unem ambas as partes. Já
houve outros momentos na história em que europeus e americanos
discordaram em vários temas.
Folha - A eleição presidencial
americana é, portanto, crucial?
Le Gloannec - Sem dúvida. A reeleição de Bush teria um impacto
negativo mais abrangente sobre
as relações transatlânticas. Sua
política atual é uma catástrofe para o multilateralismo, mas a de
[Bill] Clinton era favorável a ele.
Assim, uma vitória do democrata [John] Kerry deverá fazer
que ambas as partes percebam
que há interesses maiores que os
unem, como valores e cultura. E
elas abandonarão a disputa atual.
Texto Anterior: Cisma do Ocidente: Kerry reunirá EUA e Europa, diz americano Próximo Texto: Cisma do Ocidente: Rixa transatlântica não deve ser duradoura Índice
|