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Pela "paz", Chávez quer reabrir diálogo com EUA
Presidente da Venezuela expressou desejo ao embaixador americano no sábado
Venezuelano, que chama Bush de "diabo", quer ajuda na luta ao narcotráfico, diz France Presse; ele brincou que votaria em McCain
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, expressou ao
embaixador dos EUA em Caracas o desejo de seu governo de
reabrir o diálogo com Washington em busca de paz, informou
o departamento de imprensa
da Presidência venezuelano.
"Não queremos guerra. Essas
são mais armas para a paz", disse Chávez à Patrick Duddy após
o desfile militar que, no sábado,
comemorou os 197 anos da independência da Venezuela.
Segundo a agência de notícias France Presse, Chávez deseja cooperação na luta contra
o narcotráfico -o acordo com a
agência americana foi suspenso
em agosto de 2006.
Na sexta-feira, Duddy havia
manifestado sua preocupação
com o que considera um aumento do tráfico de drogas da
Colômbia para os EUA e a Europa através da Venezuela.
A Venezuela negou as acusações dizendo ter confiscado
32,7 toneladas de drogas neste
ano. O governo também disse
que a droga que sai da Colômbia o faz pela costa do Pacífico.
Chávez também recordou ao
embaixador que seu antecessor, John Maisto, que serviu
em Caracas entre 1997 e 2000,
foi várias vezes ao Palácio Miraflores, sede do governo.
"Tomávamos café da manhã,
conversávamos. Temos de voltar a essa situação (...), a lutar
contra o narcotráfico e a delinqüência internacional", disse
Chávez, que ontem cancelou
seu programa de rádio e TV para se preparar para um encontro, na sexta, com o colombiano
Alvaro Uribe, com quem tenta
refazer a relação.
Tanto a mensagem aos EUA
como a reunião com Uribe
compõem o tom moderado recente do venezuelano, de olho
nas eleições municipais deste
ano, segundo analistas.
O clima estava tão amistoso
que Chávez até brincou com o
embaixador dos EUA -na frente de diplomatas brasileiros e
chineses, diz a nota oficial. "Votaria em [no candidato republicano à Casa Branca John]
McCain". Após ouvir um "interessante" do embaixador, ele
disse que estava brincando.
"Se fosse americano, votaria
[o voto não é obrigatório nos
EUA]. Mas não votaria em nenhum dos dois [McCain ou o
democrata Barack Obama].
Que ganhe quem ganhar, mas
que possamos sentar e conversar. Fazia isso com [Bill] Clinton [1993-2001]."
A relação de Chávez com
George W. Bush, que deixará o
cargo em janeiro, foi marcada
pelo apoio americano à tentativa de golpe contra ele em 2002
e pela coleção de apelidos que o
venezuelano lhe deu enquanto
se cacifava como a voz antiamericana na região. Em setembro
de 2006, em discurso na ONU,
Chávez chamou o colega de
"diabo" e disse que ainda sentia
"cheiro de enxofre". Bush discursara na véspera.
McCain e Obama criticam
Chávez, mas o democrata já se
disse disposto a encontrá-lo.
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