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Bogotá acusa mediador suíço de laços com as Farc
Antes, governo disse que usou mediação para iludir Farc
DA REDAÇÃO
O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos,
acusou o mediador suíço Jean
Pierre Gontard -que negociava com as Farc com a anuência
de Bogotá dias antes do resgate- de ter sido portador de US$
500 mil que seriam da guerrilha apreendidos na Costa Rica,
em março último.
"O único que digo é que esse
senhor Gontard vai ter que explicar porque aparece nas mensagens de Raúl Reyes", disse
Santos em entrevista publicada
ontem pelo jornal colombiano
"El Tiempo", pró-governo.
O ministro faz referência aos
e-mails e textos supostamente
encontrados nos computadores de Reyes, número dois das
Farc, morto em março.
A Embaixada da Suíça divulgou nota ontem na qual cita a
acusação de Santos e diz que o
país já entregou a Bogotá, "no
marco dos contatos diplomáticos", "seu ponto de vista sobre
esses assuntos". O texto alude
ao trabalho de Gontard para a
resolução de um seqüestro de
funcionários de uma multinacional pelas Farc, em 2000, que
pode ter envolvido dinheiro.
A nota também explica que
Gontard é um conselheiro externo do governo, mas não um
diplomata suíço. E que seu trabalho como mediador de França, Suíça e Espanha -os países
amigos autorizados a tentar um
acordo com as Farc-, requer
"certa independência". "Nem
suas ações nem suas declarações comprometem necessariamente o governo."
Acusação e operação
A acusação a Gontard aparece dois dias após o ministro da
Defesa ter dito que vazou informações à imprensa sobre a reunião dos emissários francês e
suíço com a cúpula das Farc a
fim de ajudar no enredo para
supostamente enganar os guerrilheiros-carcereiros.
"Essa informação [a mediação], verídica, devíamos vazá-la
[...] Se César [carcereiro dos reféns] ouvisse que esses senhores estavam com [Alfonso] Cano [novo líder das Farc], reafirmava um pouco a novela", disse
Santos na sexta-feira.
Reportagem de ontem do
jornal "El Tiempo" também cita que uma das tarefas de um
infiltrado na guerrilha era convencer os carcereiros dos seqüestrados, semanas antes da
ação, de que havia um contato
com "uma organização humanitária de um dos países amigos
europeus".
Em entrevista ao francês "Le
Monde", Gontard diz que se encontrou com um emissário de
Cano. Disse ainda que o deslocamento dos reféns "sugere
que as Farc queriam encontrar
uma solução humanitária".
O mediador francês, Noël
Saéz, disse ontem que a reunião
com um homem da guerrilha
aconteceu a pedido de Cano no
sábado, dia 28. Afirmou que os
rebeldes haviam pedido "alguns dias" para responder. Por
motivos de segurança, os emissários deixaram a área, a 400
km do local do resgate.
Na nota de ontem, a embaixada suíça não fez referência ao
uso dos mediadores para enganar as Farc, citado por Santos.
Diz que a mediação só ocorreu
ao mesmo tempo da ação de
resgate, que congratula, por
"por pura coincidência".
As Farc ainda não deram sua
versão sobre a operação. Mas a
agência de notícias Anncol, ligada à guerrilha, questionou o
papel dos países amigos, perguntando se a negociação era
"de verdade ou um blefe".
O ministro Santos voltou a
negar que os guerrilheiros presos na operação foram comprados ou que tenham negociado
com a guerrilha.
Com agências internacionais
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