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VISITA
Durante viagem aos EUA, Wen Jiabao vai discutir a situação de Taiwan e reclamar de protecionismo americano
Sob tensão, premiê chinês encontra Bush
JOSÉ REINOSO
DO "EL PAÍS", EM PEQUIM
O primeiro-ministro da China,
Wen Jiabao, terá que fazer o papel
de equilibrista durante a visita de
quatro dias aos Estados Unidos
que inicia hoje.
Se, por um lado, ele pretende
dar um puxão de orelhas em
Washington pelo que considera
ser uma posição ambígua em relação a Taiwan, por outro ele quer
demonstrar sua insatisfação com
as cotas e tarifas impostas recentemente pelos Estados Unidos sobre exportações chinesas.
Ao mesmo tempo, tentará
abrandar as críticas americanas à
política chinesa de manter o yuan
vinculado ao dólar. Wen é o mais
alto dirigente chinês a visitar os
Estados Unidos desde a chegada
das novas lideranças à cúpula do
Partido Comunista, em novembro do ano passado, e ao governo,
em março deste ano.
Tensões políticas
A viagem acontece em meio às
crescentes tensões políticas e comerciais entre os dois países.
Após a aprovação pelo Parlamento de Taiwan (ilha que Pequim
considera como sua "Província
rebelde"), na semana passada, de
uma lei que permite mudanças
constitucionais -incluindo a declaração de independência- caso Taiwan sofra uma ameaça à
sua soberania, o presidente Chen
Shui-bian anunciou hoje (madrugada de ontem no Brasil) um referendo para exigir que a China desmantele um arsenal de mísseis
voltado para seu território. A consulta ocorrerá em 20 de março.
A iniciativa do Parlamento suscitou a ira de Pequim, que chegou
a afirmar que uma declaração formal de independência de Taiwan
equivaleria a uma declaração de
guerra -uma das frases mais fortes ditas pela China nos últimos
anos com referência à disputa.
O primeiro-ministro chinês
pretende pressionar a administração Bush para que ponha fim à
venda de armas a Taiwan e desencoraje a ilha na busca da independência. Embora os Estados Unidos não mantenham relações oficiais com Taipé, são seu principal
aliado, fornecedor de armamentos e possível defensor.
Pelo lado norte-americano, é
possível que o presidente George
W. Bush faça pressão pela libertação de Yang Jianli, um acadêmico
chinês que dava aulas em Boston
e foi preso há 18 meses sob a acusação de viajar à China com documentos falsos para se encontrar
com ativistas pró-democracia.
Disputas comerciais
O outro ponto importante a ser
discutido durante a visita será o
das crescentes disputas comerciais entre os dois países. Em novembro, os Estados Unidos restringiram as importações de têxteis e impuseram tarifas aos televisores chineses, para proteger
sua indústria.
A China ameaçou com um aumento das tarifas sobre as matérias-primas americanas. Pequim
diz que as medidas americanas
são motivadas por interesses políticos, em vista das eleições presidenciais de novembro de 2004.
O crescimento chinês se tornou
assunto corrente nos Estados
Unidos, onde congressistas e empresários culpam o país pela perda de milhares de empregos no
mercado interno, em função de
sua política de incentivar suas exportações com uma moeda artificialmente desvalorizada.
A ausência de um compromisso
claro de Washington em relação a
Taiwan pode reduzir o apoio de
Pequim à guerra contra o terrorismo empreendida por Bush e sua
atuação na resolução da crise nuclear norte-coreana, outro assunto previsto para ser tratado por
Jiabao e seu colega americano em
seu encontro de terça-feira.
De acordo com as notícias mais
recentes, a reunião entre seis partes que se esperava que acontecesse na terceira semana deste mês,
em Pequim, para tentar pôr fim
ao programa atômico de Pyongyang, será adiada.
Depois dos Estados Unidos,
Wen Jiabao vai visitar o Canadá, o
México e a Etiópia, onde assistirá
à abertura do Fórum de Cooperação China-África.
Com agências internacionais
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