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SAÚDE
Sob pressão no Reino Unido, empresas se isentam e dizem que pior são os alimentos vendidos como "saudáveis"
Fabricantes negam que fast food e doces causem obesidade
MAXINE FRITH
DO "INDEPENDENT"
Executivos do McDonald's, da
Cadbury e da Pepsi declararam na
última quinta-feira que seus produtos não são culpados pela epidemia de obesidade cada vez mais
intensa que afeta o Reino Unido.
Os principais diretores das três
empresas alegaram que o marketing pesado de comida pouco saudável, as porções reforçadas e as
ofertas de brinquedos em promoções que atraem crianças tinham
pouco efeito sobre as escolhas de
alimentos da maioria das pessoas.
Andrew Cosslett, diretor-executivo da Cadbury Schweppes, disse
que "não existe correlação entre o
consumo de confeitos e a obesidade". "Todos os indícios apontam que as pessoas comem os
nossos produtos de maneira muito sensata. O problema é que as
pessoas estão comprando coisas
que, para elas, têm baixo valor calórico, produtos que se fingem de
saudáveis usando rótulos enganosos."
Cosslett alegou que produtos
como os iogurtes com baixo teor
de gordura eram mais culpados
do que os doces pelo aumento nos
índices de obesidade.
"Um Curlywurly [barra de chocolate ao leite com recheio de caramelo] não tem nada de perigoso", disse.
Cosslett e outros dirigentes de
importantes fabricantes britânicos de alimentos prestaram depoimento ao Comitê de Saúde da
Câmara dos Comuns, que investiga sobre a obesidade.
O influente comitê está estudando a possibilidade de recomendar a proibição da publicidade televisiva de alimentos com alto teor de gordura e açúcar durante os horários mais assistidos por
crianças e de introduzir rótulos de
advertência, semelhantes aos usados nos maços de cigarro, para os
alimentos considerados menos
saudáveis.
Tamanho do hambúrguer
Segundo autoridades de saúde
do país, 1 em 5 pessoas é classificada como obesa ou acima do peso no Reino Unido, e os índices de
obesidade triplicaram entre as
crianças.
Os ativistas afirmam que o marketing agressivo feito para doces,
salgadinhos e refrigerantes, usando heróis dos esportes como o ex-jogador de futebol Gary Lineker
para os salgadinhos Walkers e
personagens de desenho animado para embalar o McLanche Feliz, do McDonald's, está encorajando as pessoas a comer inadequadamente.
O tamanho maior das porções,
como hambúrgueres e barras de
chocolate tamanho extragrande,
também é apontado como responsável pela tendência.
Mas os dirigentes das três empresas rejeitaram essas alegações.
Cosslett afirmou que pesquisas da
Cadbury indicam que pessoas
obesas comem menos doces do
que a população em geral.
Julian Hilton-Johnson, vice-presidente do McDonald's no
Reino Unido, negou a sugestão de
que rótulos de advertência deveriam ser usados para os hambúrgueres, ou que os funcionários
dos restaurantes de sua empresa
deveriam impedir que clientes
obesos comprassem refeições extragrandes.
"Não creio que nos caiba a presunção de dizer aos consumidores o que deveriam comer", disse.
Hilton-Johnson alegou que as
refeições extragrandes respondiam por apenas 3% das vendas
do McDonald's e que a empresa
agora oferece saladas saudáveis,
frutas para acompanhar o
McLanche Feliz e leite orgânico
semidesnatado.
Os três executivos insistiram que seu mercado estava "estático"
e que a publicidade e a promoção
não haviam gerado vendas mais
elevadas, mas simplesmente encorajado os consumidores a trocar de marcas.
É o mesmo argumento usado
pela indústria do tabaco para justificar a publicidade de seus produtos.
O Comitê de Saúde deve publicar suas recomendações no começo do ano que vem, e já ficou
claro que o grupo pluripartidário
está dividido entre alguns parlamentares trabalhistas que apóiam
a proibição de publicidade e os
parlamentares conservadores que
se opõem a qualquer idéia de legislação que dê ao Estado a função de "babá".
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