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Para brasileira, idéia "soa até engraçada"
DA REDAÇÃO
Novidade nos EUA, a idéia de
fazer das favelas atrações turísticas -e, ao mesmo tempo, chamar a atenção das pessoas para
problemas sociais- tem alguns
anos no Brasil. Só que, aqui, a experiência é in loco.
Por estar imersa nesse cenário, a
carioca Rejane Reis, 42, coordenadora do Favela da Rocinha
Tour, se chocou ao ouvir sobre a
idéia americana. Mas considerou
a iniciativa positiva.
"A princípio, fiquei chocada ao
saber, achei estranho", disse Reis,
que trabalha na Rocinha desde
1998, à Folha. "Soa até engraçado.
Mas se o objetivo é esse [conseguir doações e voluntários para
projetos habitacionais], então é
bom", afirmou.
Reis coordena uma oficina gratuita onde os alunos -todos moradores da Rocinha- aprendem
turismo, inglês, espanhol, primeiros socorros e informática durante quatro meses. As vagas são
abertas duas vezes por ano. "O
objetivo é mantê-los fora da ociosidade. Mas acaba sendo o primeiro passo para começarem a
trabalhar."
O dinheiro para financiar o projeto (cerca de R$ 5.000 mensais,
mas o orçamento encolhe na baixa temporada) vem dos turistas
que a procuram diariamente para
fazer o tour -uma caminhada de
duas horas guiada pelas crianças
da oficina que, além da inevitável
parada para compras ("eles compram de tudo"), inclui visitas a
centros comunitários, escolas e
até à casa de um morador. O preço fica entre US$ 10 e US$ 28, dependendo do tamanho do grupo.
"Temos grupos todos os dias de
duas ou três pessoas mas, na alta
temporada, há dois, três grupos
por dia, às vezes cada um com 50
pessoas", disse Reis. "Tem gente
que, se precisar optar entre conhecer a Rocinha e o Corcovado,
escolhe a Rocinha."
O mais interessante, segundo
ela, é a mudança no perfil dos turistas nos últimos meses. "Antes
só tínhamos estrangeiros. Só agora brasileiros começaram a procurar o tour, porque foi muito divulgado. Parece que perceberam
que, se entrarem numa favela
bem acompanhados, não há perigo algum."
(LC)
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