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EUA planejam promover abertura política na região
DA REUTERS
Os Estados Unidos, em mais
uma frente de sua guerra ao terrorismo, anunciaram na semana
passada planos para intensificar a
promoção da democracia no
mundo islâmico.
Richard Haass, diretor do Escritório de Planejamento de Políticas
do Departamento de Estado, descreveu a nova política do país
num discurso ao Council on Foreign Relations (um dos principais think-tanks americanos de
política externa) que, segundo
seus assessores, foi a mais abrangente visão do pensamento de
Washington sobre o assunto.
Haass disse que o governo dos
EUA não imporá uma fórmula rígida para mudanças políticas,
mas que trabalhará individualmente com os países islâmicos
para moldar seus próprios sistemas de representatividade em detrimento das atuais estruturas autoritárias.
Enquanto prometeu que os
EUA serão "mais engajados do
que nunca no apoio a tendências
democráticas no mundo muçulmano", Haass buscou não alarmar líderes que possam se sentir
ameaçados pela nova postura,
ressaltando que as mudanças viriam de forma gradual.
Haass reconheceu que os EUA
erraram ao não priorizar mais cedo o apoio à democracia na região.
"Muitas vezes, os EUA evitaram
se envolver em assuntos internos
de países porque seus objetivos
eram garantir o fluxo de petróleo,
conter a expansão da União Soviética, do Iraque e do Irã, tratar
do conflito árabe-israelense, resistir ao comunismo na Ásia
oriental ou assegurar a instalação
de bases para nossas Forças Armadas", disse ele.
Como resultado disso, prosseguiu, "perdemos uma oportunidade de ajudar esses países [islâmicos" a se tornarem mais estáveis, prósperos, pacíficos e adaptados aos problemas de um mundo globalizado".
Um dos mecanismos que ele
descreveu com o intuito de promover a democracia será um programa, a ser anunciado nos próximos meses pelo secretário de Estado, Colin Powell, que aumentará a ajuda a Estados árabes para
além do atual US$ 1 bilhão por
ano e que estimulará o desenvolvimento em três áreas críticas:
educação, economia e reforma
política.
Haass disse que a lógica da promoção da democracia no mundo
islâmico é boa tanto para os EUA
quanto para os países que serão
afetados.
"Países com falta de oportunidades e estagnação econômica,
sistemas políticos fechados e explosão demográfica estimulam a
alienação de seus cidadãos", afirmou. "Como aprendemos de forma dura, sociedades assim podem ser campos férteis para extremistas e terroristas que buscam atacar os EUA pelo apoio que
damos aos regimes sob os quais
eles vivem", disse Haass, evocando os atentados terroristas de 11
de setembro de 2001.
Ele disse que, enquanto a democracia pode ser estimulada do exterior, ela é "mais bem construída
de dentro" e que, se os EUA tentarem impor a mudança de sistema,
o resultado não será democrático
nem durável.
Exemplos
Haass citou a Autoridade Nacional Palestina, o Iraque e o Irã
como exemplos de locais onde
pode haver mais democracia.
Ele não mencionou, entretanto,
a Arábia Saudita, maior produtor
de petróleo e país de origem de 15
dos 19 sequestradores dos aviões
usados no 11 de setembro. O país é
um dos principais aliados dos
EUA na região.
Haass, que visitou Egito, Paquistão, Arábia Saudita e outros
Estados do golfo Pérsico recentemente, disse que muitas pessoas
nesses países se disseram frustradas com a falta de apoio de Washington à democracia local.
Ele admitiu que a democracia
poderá ter como consequência a
eleição de líderes antipáticos a
Washington. "Os EUA apoiarão
processos democráticos mesmo
se os eleitos não seguirem políticas que apoiamos. Os EUA não se
opõem a partidos políticos islâmicos", disse.
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