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PESQUISA
Sondagem em 44 países revela aumento do antiamericanismo no mundo
Cresce visão negativa sobre os EUA
ADAM CLYMER
DO "THE NEW YORK TIMES"
Embora os EUA continuem a
ser bem-vistos na maioria dos
países não-muçulmanos, as opiniões negativas sobre o país cresceram na maior parte dos países
nos últimos dois anos, revelam
sondagens de opinião pública
conduzidas em 44 países.
As sondagens com 38 mil pessoas feitas pelo Centro Pew de
Pesquisas com a População e a
Imprensa indicam que, apesar de
haver amplo consenso favorável à
campanha contra o terrorismo liderada pelos EUA desde os ataques de 11 de setembro de 2001,
ele é contrabalançado pela existência em muitos países de grandes minorias ou até mesmo de
maiorias que consideram que a
administração Bush ignora os interesses de seus países.
Ademais, outra pesquisa realizada no mês passado em quatro
países -Reino Unido, França,
Alemanha e Rússia- constatou
que porcentagens substanciais de
pessoas pensam que a razão principal pela qual os EUA podem travar uma guerra contra o Iraque é
porque ""os EUA querem controlar o petróleo iraquiano".
Esse ponto de vista é defendido
por 44% dos entrevistados britânicos, 54% dos alemães, 75% dos
franceses e 76% dos russos. Pesquisa paralela feita nos EUA resultou em apenas 22% dos entrevistados concordando com a teoria da guerra por petróleo.
Embora não fosse possível fazer
a sondagem em alguns países importantes, como a Arábia Saudita,
nem tocar em temas delicados em
outros, como a China, o conjunto
das sondagens parece ter sido o
maior esforço simultâneo jamais
realizado para sondar a opinião
pública mundial, disse Andrew
Kohut, diretor do Pew Center.
""A lição mais importante a ser
tirada é que, embora exista uma
reserva de boa vontade em relação aos EUA, o país mais poderoso do mundo tem um número
crescente de detratores", disse
Kohut. Para ele, a realidade do
pós-Guerra Fria é que ""os velhos
amigos que precisam menos de
nós também gostam menos de
nós", especialmente na Europa,
enquanto ""os russos passaram a
ter uma opinião melhor de nós".
As opiniões favoráveis sobre os
EUA diminuíram nos últimos
dois anos de 83% para 75% no
Reino Unido e de 78% para 61%
na Alemanha, enquanto na Rússia subiram de 37% para 61%.
A campanha liderada pelos
EUA contra o terrorismo é malvista pela maioria dos entrevistados em vários países de maioria
muçulmana. As porcentagens
contrárias a ela foram de 79% no
Egito, 85% na Jordânia, 64% na
Indonésia, 56% no Líbano, 64%
no Senegal e 58% na Turquia. No
Paquistão e no Bangladesh, menos da metade da população é
contra a campanha (45% no Paquistão e 46% em Bangladesh).
Os únicos países não-muçulmanos estudados em que uma maioria da população se opõe à campanha contra o terrorismo foram
a Argentina, cujas relações com os
EUA estão abaladas devido à relutância do governo americano em
ajudar o país a superar sua crise
econômica, e a Coréia do Sul.
Na Europa, porém, pelo menos
dois terços do público se mostraram favoráveis à campanha, e, no
país centro-asiático e muçulmano
Uzbequistão, onde a presença de
tropas americanas ajuda a economia, 91% da população a apóia.
Os resultados na Turquia, cujas
bases aéreas e portos o Pentágono
quer usar numa guerra com o Iraque, foram considerados importantes por Kohut e pela ex-secretária de Estado Madeleine Albright, consultora do projeto.
Na Turquia, as opiniões favoráveis aos EUA caíram de 52% para
30% nos últimos dois anos. Apenas 30% dos entrevistados disseram apoiar a campanha contra o
terrorismo, e 74% afirmaram que
os EUA não deram atenção alguma ou deram pouca atenção aos
interesses da Turquia quando formularam sua política.
Embora parte das entrevistas tenha sido feita pelo telefone, a
maioria foi realizada pessoalmente. Na maioria dos países, a pesquisa foi feita com amostragens
das populações nacionais, mas,
em outras, ela foi feita apenas em
zonas urbanas. As sondagens foram feitas entre julho e outubro.
A margem de erro varia entre dois
e quatro pontos percentuais para
mais ou para menos.
Tradução de Clara Allain
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