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VENEZUELA
Presidente promete investigação rigorosa do ataque contra a oposição; segundo OEA, diálogo seria retomado ontem
Após mortes, Chávez pede calma e diálogo
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu calma ao país
após o tiroteio da noite de sexta-feira que matou três pessoas em
manifestação da oposição em
praça de Caracas (capital).
Em clima de tensão, o governo
organizava ontem uma marcha
de simpatizantes em bairro popular de Caracas para contrabalançar as manifestações da oposição.
Durante a tarde, centenas de oposicionistas tomaram uma praça da capital venezuelana, vestidos de preto, para pedir a resignação de Chávez depois das mortes de sexta. Eles culpam os simpatizantes do presidente pelos assassinatos.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) disse que governo e oposição retomariam o diálogo intermediado pelo órgão no
final da tarde de ontem.
Chávez afirmou que a greve
contra o seu governo, iniciada na
segunda-feira, é uma "conspiração petrolífera" que tem "o mesmo formato" do golpe cívico-militar que o afastou do poder por
dois dias, em abril passado.
Ele prometeu manter funcionando a indústria do petróleo, a
maior do país, apesar de setores
da gigante estatal PDVSA (Petroleos de Venezuela S.A.) terem
aderido à paralisação -a empresa é responsável por 80% das receitas de exportação do país.
Para Chávez, a ofensiva da oposição é similar à de abril, quando
chefes militares e empresariais lideraram tentativa de golpe após
confrontos em manifestação da
oposição em Caracas, que deixaram ao menos 17 mortos. "Só que
agora não há [com os golpistas",
como naquela ocasião, um grupo
de militares da alta hierarquia que
deram forma ao golpe de Estado".
"Temos de fazer um chamado à
paz, à ponderação, tanto a meus
adversários como a meus simpatizantes", disse o coronel da reserva, que liderou um golpe militar
fracassado em 1992, foi eleito com
grande maioria em 1998 e reeleito
em 2000, após mudar a Constituição por meio de Assembléia
Constituinte.
As mortes de anteontem ocorreram após atiradores abrirem fogo contra ato da oposição na praça Altamira, onde, desde 22 de
outubro, um grupo de militares se
encontra em "desobediência" exigindo a renúncia de Chávez.
O presidente, cuja popularidade
caiu de 90% em 1998 a cerca de
30% agora, prometeu uma investigação rigorosa sobre as mortes e
acusou líderes da oposição e canais de TV privados, contrários a
seu governo, de "incitar a vingança" ao responsabilizá-lo pelas
mortes antes da investigação.
Chávez disse ainda que seu governo quer dialogar com a oposição, abordando todos os temas,
inclusive uma possível saída eleitoral da crise, o desarmamento da
população e a instalação de uma
Comissão da Verdade para investigar o golpe de abril.
Ao menos uma pessoa foi detida por causa dos disparos na praça. O homem teria confessado a
autoria dos tiros e dito que era
contra a greve.
O líder sindicalista Carlos Ortega culpou Chávez pelas mortes de
sexta, enquanto militares dissidentes pediram às Forças Armadas para se voltarem contra o presidente. "Chávez é o maior assassino já nascido na Venezuela",
disse Ortega ao visitar o local das
mortes, onde pessoas acendiam
velas e colocavam imagens da
Virgem Maria, ontem, em volta
de manchas de sangue no chão.
Os EUA, acusados de apoio ao
golpe de abril, pediram a "rejeição
da violência" e a volta ao diálogo.
A Venezuela está profundamente dividida política e socialmente, com as classes média e alta
pedindo a queda do governo, enquanto Chávez se apóia nas camadas populares.
Os grevistas querem um referendo sobre o governo em fevereiro ou eleições antecipadas.
Chávez diz que a Constituição só
permite o referendo em agosto,
quando seu mandato, que vai até
2007, chega à metade.
Com agências internacionais
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