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Poucos, brasileiros fazem trabalho importante
DO ENVIADO ESPECIAL A TIMOR LESTE
Existem pouco mais de 200 brasileiros em Timor Leste, incluindo
os soldados da força de paz e uns
poucos policiais militares. Mas,
apesar de poucos, os brasileiros,
tanto civis como militares, exercem funções vitais no novo país.
Há um pelotão de Polícia do
Exército, com 50 homens e 12 observadores militares (oito do
Exército e quatro da Marinha).
São poucos, se comparados com
os batalhões que outros países como Portugal, Coréia do Sul, Japão
e Austrália enviaram ou ainda
mantêm ali (um batalhão tem entre 500 e 800 homens).
Mas os soldados brasileiros
compensam a inferioridade numérica com funções importantes,
como a proteção de autoridades
locais -como foi o caso do carismático ex-guerrilheiro e presidente do país, Kay Rala Xanana
Gusmão. O primeiro pelotão chegou em 1999. A rotação é feita a
cada seis meses. O último e décimo pelotão, vindo de Recife, chegou em outubro e deve ficar um
pouco mais, até o fim da missão
da ONU, em maio de 2004.
Dos cerca de 150 civis, metade é
composta por missionários católicos e protestantes. A outra metade inclui um pouco de tudo: treinador de futebol, mecânico, médico, advogado, fotógrafo profissional, agrônomo. Há também
pessoal de ONGs e do Ministério
da Educação, que auxiliam o ministério local.
Educação e saúde são as prioridades do Plano Nacional de Desenvolvimento, criado conjuntamente pela administração da
ONU e por políticos timorenses.
Foi preciso primeiro reconstruir as salas de aula destruídas
pelo vandalismo das milícias pró-Indonésia. Quatro em cada cinco
escolas foram demolidas.
Uma dessas escolas foi adotada
pelo pelotão brasileiro em Dili,
que reconstruiu suas salas e carteiras e procurou dar o apoio que
a diretora pedia. A escola primária número 4 do bairro de Bemori
acabou sendo rebatizada de Duque de Caxias, e um busto de
bronze do patrono do Exército
Brasileiro está agora na entrada.
A diretora, Elisa Martins Ximenes, preparou no final de outubro
uma homenagem aos oficiais e
soldados brasileiros do 1º Pelotão
de Polícia do Exército, do Rio de
Janeiro, que voltaria ao Brasil.
O primeiro-tenente Márcio Renato Alves Barbosa, oficial de logística do pelotão, era quem lidava mais diretamente com a escola.
"Eu não tenho filhos, mas de repente passei a ter mais de 600",
disse o militar, chorando, depois
de ter recebido um presente e
uma poesia declamada em português por uma garotinha.
O brasileiro mais conhecido a
trabalhar em Timor foi Sérgio
Vieira de Mello, morto em atentado no Iraque em agosto. Como representante especial da ONU, ele
administrou o país após os conflitos de 1999. Mais importante do
que as obras de infra-estrutura foi
a "obra política de criação de um
Estado", diz o embaixador brasileiro em Timor Leste, Kywal de
Oliveira. "Esse foi o grande trabalho do Sérgio."
(RBN)
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