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Premiê ataca a gerontocracia de seu partido
DA REDAÇÃO
O premiê japonês, Junichiro
Koizumi, diz ter como objetivo
transformar a política do país, fazendo reformas ousadas e livrando-a do que considera, a portas
fechadas, ser um dos maiores
problemas do Japão contemporâneo: a gerontocracia de seu Partido Liberal-Democrático (PLD).
Para tanto, tomou medidas
controversas -indicou o popular
Shinzo Abe, 49, para a secretaria
geral do partido e Nobuteru Ishihara, 46, para o Ministério dos
Transportes, ambos tidos como
jovens demais para um posto de
comando na política japonesa.
Há pouco mais de uma semana,
Koizumi, 61, anunciou que deixará a cena política quando fizer 65
anos, quatro meses após o final de
seu mandato de presidente do
PLD. Com isso, disseram analistas à Folha, o premiê dificilmente
conseguirá levar a cabo seu projeto de reformas -mesmo que tenha vontade política para introduzi-lo em seu segundo governo.
"Koizumi é menos importante
para o futuro do Japão que os políticos que o sucederão. Ele é um
pioneiro no que se refere à reestruturação do país, às reformas e à
renovação do modo de pensar
dos políticos nipônicos. Mesmo
com vontade política, porém, o
premiê não poderá terminar seu
trabalho em menos de uma década", analisou Jon Mills, do Centro
Ásia da Universidade Harvard.
"Se outro reformista vier a sucedê-lo, Koizumi terá, então, aberto
o caminho para uma transformação mais profunda. Por outro lado, se a velha-guarda do PLD retomar o poder depois que o premiê deixar o governo, o Japão poderá ter outra "década perdida"."
Em seu esforço de modernização do partido, Koizumi impediu
que o ex-premiê Yasuhiro Nakasone, 85, fosse candidato no pleito
de hoje, argumentando que as regras do PLD fixam o limite de 73
anos de idade para os candidatos.
Há pouco mais de uma semana,
outro ex-premiê (Kiichi Miyazawa, 84) desistiu da disputa a pedido de Koizumi. Tradicionalmente, os pesos pesados do partido
aproveitavam a força da legenda
para ganhar um assento na Câmara Baixa sem grande esforço.
Outro aspecto que fortalece a
iniciativa de Koizumi é o descrédito popular da velha-guarda do
PLD, vista como responsável pela
"década perdida", cuja lentidão
econômica foi inédita na história
do país no pós-guerra.
"Koizumi percebeu que o Partido Democrático do Japão poderia
tirar vantagem do fato de ter candidatos mais jovens e menos
identificados com o sistema de
troca de favores do PLD. Com isso, decidiu fazer um expurgo em
seu partido, rejuvenescendo quadros", disse Robert Immerman,
da Universidade Columbia.
Até que ponto o premiê conseguirá manter sua determinação
de pôr fim à política de conchavos
que caracteriza o Japão desde a
década de 50 é uma questão sem
resposta. Afinal, se for longe demais, Koizumi perderá uma parte
crucial do apoio parlamentar de
que necessita para realizar suas
tão propaladas reformas.
(MSM)
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