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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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Duhalde e Menem se provocam às vésperas de pleito

DE BUENOS AIRES

A pouco mais de uma semana do segundo turno da eleição argentina, o presidente Eduardo Duhalde -cujo candidato, Néstor Kirchner, lidera as pesquisas de intenção de votos- e o rival peronista de Kirchner na disputa, Carlos Menem, trocaram provocações sobre o temor que ambos têm de serem derrotados.
Em seu programa "Conversando con el Presidente", transmitido na manhã de ontem pela rádio Nacional, Duhalde repetiu a previsão feita por ele na última terça-feira de que Menem retiraria sua candidatura para o segundo turno, no dia 18, e afirmou que ela vai se concretizar "no sábado que vem", véspera do pleito.
"Disse aquilo em que acredito. Não quero fazer uma aposta, mas sábado que vem veremos. Digo sábado porque realmente creio que [Menem" não vai se apresentar", declarou o presidente.
Poucas horas depois, Menem declarou em uma entrevista coletiva na Associação dos Empregados do Comércio de Baía Blanca, segundo o jornal "Clarín", que "o presidente interino [Duhalde" tem medo e está assustado porque vai perder".
Kirchner, candidato de Duhalde, lidera as pesquisas de intenção de voto com 58,1% das preferências, contra 21,7% de Menem. No entanto, no primeiro turno, o ex-presidente levou vantagem.

Voto bronca
Além da disputa entre dois peronista, chamou a atenção dos analistas políticos na eleição argentina deste ano o inesperado índice de votos válidos.
Contrariando as projeções que previam mais uma reprise do chamado "voto bronca", que marcou as eleições legislativas do país em outubro de 2001, 97,29% dos cerca de 25 milhões de eleitores votaram em algum dos 19 candidatos à Presidência no primeiro turno, no último dia 27 -uma das melhores participações da história do país.
As previsões iniciais eram que até 40% dos eleitores não fossem optar por nenhum candidato.
Os votos nulos somaram 1,62%, e o número de votos em branco foi de 0,89%, o menor em eleições presidenciais dos últimos 20 anos, ou seja, desde que a democracia voltou a ser exercida no país.
Nas últimas eleições legislativas, em outubro de 2001, apenas 60% dos eleitores registrados votaram em algum candidato. Brancos e nulos chegaram a 15%. Na eleição presidencial de 1999, os votos em branco haviam somado 3,57%.
"Os argentinos podem estar vivendo uma terrível crise de representação, mas aprenderam que, se não participam, estão favorecendo os que participam", afirma o analista político Luis Tonelli, em artigo publicado pela revista "Debates". "A cidadania preferiu canalizar sua participação por meio das vias institucionais."
(EC)


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