|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Duhalde e Menem se provocam às vésperas de pleito
DE BUENOS AIRES
A pouco mais de uma semana
do segundo turno da eleição argentina, o presidente Eduardo
Duhalde -cujo candidato, Néstor Kirchner, lidera as pesquisas
de intenção de votos- e o rival
peronista de Kirchner na disputa,
Carlos Menem, trocaram provocações sobre o temor que ambos
têm de serem derrotados.
Em seu programa "Conversando con el Presidente", transmitido na manhã de ontem pela rádio
Nacional, Duhalde repetiu a previsão feita por ele na última terça-feira de que Menem retiraria sua
candidatura para o segundo turno, no dia 18, e afirmou que ela vai
se concretizar "no sábado que
vem", véspera do pleito.
"Disse aquilo em que acredito.
Não quero fazer uma aposta, mas
sábado que vem veremos. Digo
sábado porque realmente creio
que [Menem" não vai se apresentar", declarou o presidente.
Poucas horas depois, Menem
declarou em uma entrevista coletiva na Associação dos Empregados do Comércio de Baía Blanca,
segundo o jornal "Clarín", que "o
presidente interino [Duhalde"
tem medo e está assustado porque vai perder".
Kirchner, candidato de Duhalde, lidera as pesquisas de intenção
de voto com 58,1% das preferências, contra 21,7% de Menem. No
entanto, no primeiro turno, o ex-presidente levou vantagem.
Voto bronca
Além da disputa entre dois peronista, chamou a atenção dos
analistas políticos na eleição argentina deste ano o inesperado
índice de votos válidos.
Contrariando as projeções que
previam mais uma reprise do chamado "voto bronca", que marcou
as eleições legislativas do país em
outubro de 2001, 97,29% dos cerca de 25 milhões de eleitores votaram em algum dos 19 candidatos
à Presidência no primeiro turno,
no último dia 27 -uma das melhores participações da história
do país.
As previsões iniciais eram que
até 40% dos eleitores não fossem
optar por nenhum candidato.
Os votos nulos somaram 1,62%,
e o número de votos em branco
foi de 0,89%, o menor em eleições
presidenciais dos últimos 20 anos,
ou seja, desde que a democracia
voltou a ser exercida no país.
Nas últimas eleições legislativas,
em outubro de 2001, apenas 60%
dos eleitores registrados votaram
em algum candidato. Brancos e
nulos chegaram a 15%. Na eleição
presidencial de 1999, os votos em
branco haviam somado 3,57%.
"Os argentinos podem estar vivendo uma terrível crise de representação, mas aprenderam que,
se não participam, estão favorecendo os que participam", afirma
o analista político Luis Tonelli, em
artigo publicado pela revista "Debates". "A cidadania preferiu canalizar sua participação por meio
das vias institucionais."
(EC)
Texto Anterior: Influência de Duhalde paira sobre Kirchner Próximo Texto: Menem e Kirchner são como água e vinho Índice
|