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Disputas partidárias e denúncias
abalam o favoritismo de Menem
DA REDAÇÃO
Carlos Menem estava certo havia poucas semanas de que retornaria à Presidência da Argentina.
Seu adversário mais forte dentro
do Partido Justicialista (PJ), o governador da Província de Santa Fé
e ex-piloto de Fórmula 1, Carlos
Reutemann, havia desistido de
disputar as internas do partido.
Para o homem que governou a
Argentina de 1989 a 1999, o caminho estava aberto para a vitória.
Apostando que Elisa Carrió afundaria no final e sem um adversário de peso na interna peronista,
Menem começou a sentir que poderia voltar à Casa Rosada.
Uma grande virada para quem
havia um ano estava em prisão
domiciliar por envolvimento com
tráfico de armas.
Mas uma reportagem do "New
York Times" deu um golpe nas
suas pretensões. O jornal trouxe à
tona uma denúncia de que Menem teria recebido US$ 10 milhões do Irã para ocultar a participação do país no atentado contra
a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em julho de 94.
Menem negou, mas o dano já
estava feito. A acusação partiu do
mais importante jornal dos EUA,
país com o qual Menem sempre
se esforçou para manter boas relações. Ele afirma constantemente
ser favorável à Alca (Área de Livre
Comércio das Américas) em detrimento do Mercosul. Além disso, prega a dolarização para trazer
de volta a estabilidade econômica,
apesar das declarações de autoridades dos EUA contrárias à adoção do dólar na Argentina.
Surgiram também novos adversários dentro do peronismo. E um
deles com crescente popularidade: Adolfo Rodriguez Saá, que
promete disputar a Presidência
mesmo se não for o escolhido nas
internas do PJ. Concorrerá de forma independente. Os outros adversários são o governador cordobês, Juan Manuel de la Sota, o
preferido do presidente Eduardo
Duhalde, maior inimigo de Menem no PJ, e o governador de
Santa Cruz, Néstor Kirchner.
Menem tem ainda um outro
obstáculo: sua ex-mulher, Zulema
Yoma, e sua filha, Zulemita. A primeira ainda quer descobrir se o
seu filho Carlito foi assassinado
-ele morreu em 1995, quando o
helicóptero em que viajava caiu.
Menem insiste em que foi acidente. A segunda não se conforma
com o fato de o pai ter se casado
com a ex-Miss Universo Cecília
Bolocco, 36, nascida no Chile
-Menem tem 72 anos.
Para conquistar votos, Menem
argumentará que, na época em
que esteve no poder, os argentinos tinham uma moeda estável e
o desemprego era menor. Mas
seus críticos afirmam que o país
chegou à atual situação justamente devido ao custo dos anos Menem, que teriam arruinado a economia ao manter o peso atrelado
ao dólar e ao fazer privatizações
de forma questionável.
(GC)
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