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Peronistas privilegiam TV para escapar da hostilidade nas ruas
DE BUENOS AIRES
Temerosos de virar alvo de protestos, os pré-candidatos do Partido Justicialista (PJ, peronista) evitam participar de atos públicos e
elegeram a TV como meio de divulgar propostas e fazer campanha. O descontentamento da população com os políticos continua
grande. Nos primeiros cinco meses de 2002 houve 11.088 manifestações, segundo o Indec, instituto
de estatísticas do governo.
Para piorar as coisas, dois nomes do partido, o ex-presidente
Carlos Menem (1989-1999) e o
presidente Eduardo Duhalde, são
identificados como co-responsáveis pelo colapso argentino.
Os peronistas romperam assim
uma tradição de 50 anos -a de se
aproximar da população nas
campanhas- e passaram a ser
encontrados com frequências nos
programas de entrevista.
O mais midiático dos peronistas
é Adolfo Rodríguez Saá. O ex-presidente é sempre convidado a falar porque ele dá audiência.
Rodríguez Saá atrai pela capacidade de criar polêmicas. Sua mais
bem-sucedida jogada ocorreu há
um mês, quando ele disse ter informações de que poderia ser vítima de um "magnicídio" (assassinato de pessoas importantes) ordenado por Menem, o que lhe
rendeu semanas de exposição na
mídia. Com isso, Rodríguez Saá
consolidou a projeção nacional
obtida na última semana de 2001,
período em que presidiu a Argentina, decretou a moratória da dívida e depois renunciou.
Outro peronista bastante midiático é o governador de Córdoba, José Manuel de la Sota, que foi
embaixador argentino em Brasília durante o governo Menem. De
la Sota escuta com devoção sua
equipe de marqueteiros, coordenada pelo brasileiro Duda Mendonça. O lançamento de sua pré-candidatura foi feito pela televisão, sem a presença de aliados como Duhalde, devido ao provável
impacto eleitoral negativo.
Menem teria dificuldades de fazer campanha se não fossem a TV
e a polícia. Tem permanecido na
Província de La Rioja, dominada
politicamente por sua família. Há
três semanas, ele foi obrigado a
cancelar uma viagem a Santiago
del Estero (norte) porque cerca de
400 pessoas destruíram a casa de
seu maior aliado político regional.
Na TV, Menem improvisa discursos e não contratou uma agência de publicidade. Talvez por isso
tenha entrado em contradição e
admitido ter conta na Suíça durante entrevista à CNN.
Já o governador de Santa Cruz,
Néstor Kirchner, não tem nome
como Menem e usa a TV para se
mostrar ao maior número de eleitores. Usa mais o tempo para criticar o governo do que para detalhar propostas. Sem apoio dentro
do PJ, Kirchner ainda não decidiu
se participa das prévias ou se se filia a outro partido que facilite sua
participação na eleição.
(JS)
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