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Moscou rejeita dois planos de cessar-fogo no Cáucaso
Projetos foram apresentados pela União Européia e pelo G7; Sarkozy vai à Rússia
Kremlin argumenta que a Geórgia segue combatendo; Otan se reúne hoje, e o Conselho de Segurança da ONU mantém impasse
DA REDAÇÃO
Apesar de intensa movimentação diplomática, o cessar-fogo no Cáucaso continua improvável, porque as propostas em
elaboração ou já elaboradas
-União Européia, G7 (grupo
de países mais industrializados), ONU e Otan (aliança militar ocidental)- esbarram na
negativa da Rússia.
O fim do conflito, desencadeado entre russos e georgianos na sexta-feira pelo controle
da região separatista da Ossétia
do Sul, depende das verdadeiras intenções de Moscou, que
ainda não estão claras.
Autoridades e porta-vozes
russos afirmam que não aceitarão a interrupção dos combates
porque a Geórgia, aliada dos
americanos, continua a bombardear posições ossetianas, o
que o governo georgiano nega.
Há indícios de que o Kremlin
quer levar sua contra-ofensiva
militar às últimas conseqüências, com o enfraquecimento
do presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili. A acusação
de que os russos queriam depor
Saakashvili foi feita anteontem
pelo embaixador americano no
Conselho de Segurança e rejeitada como "invencionice" pelo
embaixador russo.
Na prática, Moscou rejeitou
ontem duas propostas de cessar-fogo, a encaminhada pelos
europeus e a feita pelo G7.
A proposta da UE foi apresentada pelo chanceler francês,
Bernard Kouchner, já que seu
país exerce a presidência rotativa do bloco. Ele chegou domingo a Tbilisi, capital da
Geórgia. O presidente francês,
Nicolas Sarkozy, deverá viajar
hoje a Moscou.
Além do cessar-fogo, a UE
propunha a "integridade" do
território da Geórgia e o retorno dos contingentes às posições que ocupavam na quinta-feira. A "integridade" é um termo ambíguo. A Geórgia teoricamente possui a Ossétia do Sul
e a Abkházia, que foram em
1992 objeto de acordos de autonomia, em razão das ligações
culturais e econômicas de suas
populações com a Rússia. Sob
os acordos, a Rússia mantinha
forças de paz nas duas regiões,
na prática transformando-as
em protetorados seus.
Os chefes das diplomacias
européias devem se reunir
amanhã, prosseguindo consultas sobre um plano alternativo,
aceitável pela Rússia. O "Financial Times" diz que a Itália e a
Alemanha não querem um confronto com o Kremlin.
A proposta do G7 é parecida e
está centrada no cessar-fogo.
Ela foi articulada pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que pela manhã
telefonou ao primeiro escalão
dos governos do grupo (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Japão e Canadá). Rice deixou claro que apoiava a iniciativa da UE, lançada pelo francês
Kouchner e pelo chanceler da
Finlândia, Alexander Stubb.
Otan e ONU
Quanto à Otan, ela fará hoje
em Bruxelas uma reunião de
emergência solicitada pela
Rússia, que não é membro da
aliança militar, mas possui o estatuto de associada, apta a opinar durante crises.
Há por fim o Conselho de Segurança, que realizava, a pedido da Geórgia, nova reunião
ontem à noite. Rússia e EUA,
como membros permanentes,
têm poder de veto -por isso
nas quatro reuniões anteriores
foi impossível sequer esboçar
um projeto de resolução.
Ontem, a França apresentou
um um projeto de resolução
pedindo cessar-fogo imediato,
o retorno das forças às posições
que tinham antes de 7 de agosto
-quando a Geórgia tentou tomar o controle da capital da Ossétia do Sul- e o respeito à integridade territorial georgiana.
Antes de o projeto ir a votação,
a Rússia avisou que se oporia,
por não mencionar a "agressão" e as "atrocidades georgianas" na Ossétia do Sul.
Com agências internacionais
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