|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush afirma que ação russa contra seu aliado é "inaceitável"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Uma hora depois de voltar de
Pequim, George W. Bush convocou a imprensa ao gramado
da Casa Branca para qualificar
de "inaceitável" a ação russa na
aliada Geórgia. "A Rússia invadiu um Estado soberano vizinho e ameaça um governo democraticamente eleito por seu
povo", disse o presidente norte-americano, ecoando o que
dissera na véspera seu embaixador na ONU. "Uma ação assim é inaceitável no século 21."
O governo da Rússia, repetiu
Bush, "deve respeitar a soberania e a integridade territorial da
Geórgia" e aceitar um acordo
de paz. As ações, diz ele, "prejudicaram substancialmente a
posição da Rússia e colocam em
risco suas relações com os EUA
e com a Europa", afirmou. "É
hora de a Rússia cumprir sua
palavra e acabar com a crise."
Apesar da retórica dura,
Bush esfriou alguns graus a declaração dada no dia anterior
por seu vice, Dick Cheney, que
havia dito que "a agressão russa
não pode ficar sem resposta".
Falcão-mestre da administração republicana, o vice-presidente foi um dos arquitetos da
invasão do Iraque pela força
multinacional comandada pelos EUA, em março de 2003.
Ainda assim, a fala do presidente parecia pautada por inteligência obtida pelo Pentágono,
sugerindo que o objetivo russo
era mais do que apenas voltar à
situação prévia a 7 de agosto.
Para Washington, Moscou
quer mudar o regime e anexar o
país, independente desde o colapso soviético, em 1991.
"Parece que um esforço para
depor um governo legitimamente eleito pode estar em
ação", disse Bush. "Estou profundamente preocupado com
relatos de que tropas russas foram além da zona de conflito,
atacaram a cidade de Gori e
ameaçam a capital, Tbilisi."
Os russos extrapolaram ontem a área original de conflito
-a Ossétia do Sul-, mas não há
relatos independentes de que
tenham tropas em Gori, onde
um prédio civil foi atingido em
bombardeio no sábado. O presidente da Geórgia, Mikhail
Saakashvili, disse ontem que
sua capital não está sob risco.
Para Bush, no entanto, os relatos, se comprovados, "representam uma escalada brutal do
conflito e seriam incoerentes
com as garantias que recebemos da Rússia de que seus objetivos eram limitados a restaurar a situação que existia na Ossétia do Sul antes do conflito".
Mas os EUA não prometeram apoio militar ao aliado na
atual crise. Ainda assim, o Pentágono anunciou que repatriou
os 2.000 soldados georgianos
no Iraque -terceiro maior contingente naquela guerra.
O candidato republicano à
Casa Branca ecoou seu companheiro de partido ao dizer ontem que "as ações russas não
têm lugar numa Europa do século 21". Já o democrata Barack
Obama adotou o tom conciliatório que domina sua plataforma externa. "A relação entre a
Rússia e o Ocidente é antiga e
complicada", afirmou. "Tem
havido muitos momentos decisivos, para o bem e para o mal.
Este é mais um deles."
Texto Anterior: Moscou rejeita dois planos de cessar-fogo no Cáucaso Próximo Texto: Rivais travam na mídia duelo de versões Índice
|