São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Terceiro mandato de Uribe recebe apoio de 5 milhões

Partido governista apresenta abaixo-assinado pró-referendo que permita reeleição

Número de firmas coletadas é muito superior ao mínimo de 1,4 milhão estabelecido por lei colombiana; próxima fase é debate no Congresso


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O Partido Social da Unidade Nacional (Partido de la U), da base de apoio de Álvaro Uribe, entregou ontem às autoridades eleitorais mais de 5 milhões de assinaturas solicitando a convocação de um referendo para autorizar que o presidente colombiano possa concorrer a um terceiro mandato.
O secretário-geral do partido, Luis Guillermo Giraldo, disse a jornalistas em Bogotá que "sonha acordado com uma Colômbia em 2014, quando o presidente Uribe entregar a Presidência com nenhuma guerrilha e nenhum paramilitar".
O total de 5.021.873 assinaturas, distribuídas em 3.000 planilhas e levadas em três caminhões blindados, supera largamente o 1,4 milhão de firmas exigido pela legislação colombiana (5% do eleitorado do país). Agora, o Registro Nacional do Estado Civil (RNEC) tem 30 dias para certificar ou não as assinaturas.
Caso haja a validação, o próximo passo será apresentar o projeto formalmente no Congresso, onde o tema do terceiro mandato não é consenso na base governista, que tem uma confortável maioria.
"Uma vez que as assinaturas sejam reconhecidas, os partidos se reunirão. Já há um anúncio do partido [governista] Cambio Radical em favor, mas até agora o tema é a validação das firmas", disse à Folha o senador do Partido de La U, Carlos García, ao ser questionado sobre a divisão interna.
Caso seja aprovada pelo Congresso, a nova legislação precisará também do crivo da Corte Constitucional. Após isso, o governo tem oito dias para convocar o referendo, que precisa ser realizado em até três meses. O Partido de La U estima que, se tudo ocorrer dentro do previsto, a consulta será em meados do ano que vem.
Em seu primeiro mandato (2002-2006), Uribe conseguiu no Congresso a aprovação de uma emenda constitucional que lhe permitiu concorrer à reeleição, num processo que hoje está sob investigação após a condenação de uma ex-parlamentar que admitiu ter vendido o seu voto.
Em razão de sua política de segurança, que diminuiu os índices de violência nos grandes centros urbanos e impôs várias derrotas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Uribe mantém um índice de aprovação superior a 80%, segundo pesquisas de opinião. Seu mandato atual vai até 2010.
A oposição e até mesmo setores do uribismo têm criticado a possibilidade de um terceiro mandato. Já Uribe não descarta abertamente a possibilidade. Questionado sobre a posição do presidente, o senador García disse que "isso tem que ser perguntado a ele".


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