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G-7 pede nova resolução da ONU
Ministros das Finanças de países ricos tentam superar divisões geradas pela decisão de ir à guerra
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os ministros de Finanças dos
países do G-7 defenderam, em
sua reunião de ontem, "uma resolução adicional do Conselho de
Segurança das Nações Unidas a
respeito do Iraque".
A informação já havia sido antecipada, em entrevista coletiva, pelo presidente do BCE (Banco Central Europeu), o holandês Willem
Duisenberg, e representa, se levada adiante, o mais eloquente sinal
de uma tentativa de reconstituição da cooperação entre os países
ricos, duramente afetada pela decisão norte-americana de agir
unilateralmente no Iraque.
Em São Petersburgo, os líderes
da Rússia, da França e da Alemanha encerraram reunião de cúpula de dois dias sobre o Iraque. Ontem, voltaram a pedir um papel
destacado para a ONU.
A Folha perguntou a Duisenberg se a nova resolução trataria
apenas da reconstrução física do
Iraque ou abrangeria também a
parte institucional e a legitimação
do novo governo. Perguntou
também se os EUA estavam de
acordo com a nova resolução.
"Não posso dar mais detalhes.
Só posso dizer que todos os ministros do G-7 concordaram em
que uma nova resolução seria
bem-vinda". O comunicado oficial do grupo é igualmente lacônico. Diz apenas: "Reconhecemos a
necessidade de um esforço multilateral para ajudar o Iraque.
Apoiamos uma resolução adicional do Conselho de Segurança".
O G-7 é formado pelos sete países mais ricos do mundo e rachou
praticamente ao meio por causa
da invasão do Iraque. Os EUA e o
Reino Unido tomaram a iniciativa da ação, que foi apoiada pela
Itália e pelo Japão. França, Alemanha e Canadá ficaram contra, o
que azedou as relações entre eles.
Azedou tanto que o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Kohler, cobrou na
quinta-feira "uma demonstração
confiável" de restauração da cooperação internacional, na entrevista coletiva que abriu os encontros de primavera (no Hemisfério
Norte) do FMI/Banco Mundial.
A questão do Iraque nem estava
originalmente na agenda do encontro que os ministros de Finanças do G-7 habitualmente fazem
em paralelo às reuniões do FMI.
Mas, no jantar da sexta, o secretário norte-americano do Tesouro, John Snow, adiantou que pretendia discutir uma "moldura"
para a cooperação na reconstrução iraquiana, inclusive sobre a
possibilidade de perdão da dívida
do Iraque ou de parte dela.
A participação da ONU é enfaticamente defendida por dois dos
membros do G-7 (França e Alemanha), com apoio da Rússia,
país que participa de uma parte
das discussões do G-7, que passa,
nesse período, a ser G-8.
Ontem, no último dia da cúpula
de São Petersburgo, o presidente
russo Vladimir Putin, que havia
feito o discurso mais duro na sexta, alertando contra o enfraquecimento da Nações Unidas no Iraque pós-Saddam, moderou bastante o seu tom. Disse a acadêmicos que um sistema de consultas
diplomáticas poderia evitar conflitos futuros.
Com agências internacionais
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