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ÁSIA
Diálogo só com Washington não é mais exigência do país
Coréia do Norte sinaliza com recuo e diz aceitar negociação multilateral
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte indicou ontem que pode aceitar a exigência
dos Estados Unidos de participar
de discussões multilaterais sobre
seu programa nuclear, que Washington acusa de ter fim bélico.
"Se os EUA estiverem prontos a
dar uma guinada radical em sua
política para resolver a questão
nuclear, a República Popular Democrática da Coréia [nome oficial
da Coréia do Norte" não vai exigir
nenhum formato específico de
diálogo", afirmou ontem um porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores, segundo despacho da
agência oficial de notícias do país.
O anúncio pode significar uma
profunda mudança na política da
Coréia do Norte que, até então,
insistia apenas em negociações
diretas com Washington, de
quem exigia a assinatura de um
tratado de não-agressão.
A possível mudança ocorre
poucos dias depois da derrota de
Saddam Hussein. Como o Iraque,
a Coréia do Norte foi incluída pelo presidente americano, George
W. Bush, no "eixo do mal".
Os EUA dizem que a Coréia do
Norte representa uma ameaça
global e rejeitaram conversações
bilaterais, afirmando que a questão deve ser resolvida com a participação de outros países. Para
Washington, a Rússia, a China, o
Japão e a Coréia do Sul também
devem participar, pois poderiam
ser ameaçados por armas nucleares norte-coreanas.
"A solução para o problema depende das reais intenções dos
EUA", afirmou o porta-voz do
ministério, que não foi identificado. "É possível resolver a questão
se os EUA estiverem sinceramente dispostos para o diálogo", disse. São comentários bem mais
moderados do que os de semanas
anteriores. A Coréia do Norte
acusou os Estados Unidos repetidas vezes de planejar a invasão do
país, que ocorreria logo depois da
guerra no Iraque.
Na sexta-feira, a Coréia do Norte dizia que jamais abriria mão de
seu programa nuclear. Comparava inspeções da ONU a "tirar as
calças" e dar a Washington uma
desculpa para iniciar a invasão.
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