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INVASÃO DO SUL
Americanos assimilam hábitos culturais de grupo que, até 2025, atingirá 65 milhões de pessoas no país
Explosão da população hispânica muda EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Depois de se tornar a maior minoria no país, a população hispânica vem mudando rapidamente
a cultura, a economia e a política
dos Estados Unidos.
Especialistas prevêem uma
transformação no país em poucos
anos por conta desse rápido crescimento, apoiado nos hispânicos
já nascidos nos EUA (3 em cada 5)
e na continuação da imigração,
principalmente de grupos de mexicanos.
O último Censo norte-americano, atualizado em 2002, contabilizou 38,8 milhões de hispânicos
nos EUA, 13% da população total
do país -uma marca antes esperada somente a partir de 2014.
Há décadas figurando como a
primeira minoria, os negros ficaram para trás no ano passado: são
agora 38,3 milhões de pessoas.
Proporcionalmente, a população hispânica é a que mais cresce
nos Estados Unidos, tendo sido
responsável por metade do aumento populacional nos últimos
dois anos e meio -período em
que cresceu mais de 10%, contra
os 2,5% da população em geral.
Dos anos 90 para cá, os hispânicos não apenas tiveram mais filhos (um terço do total tem ainda
menos de 18 anos) mas também
alcançaram a mesma renda per
capita média obtida pelos negros
nas principais regiões do país.
Mais gente e dinheiro dentro de
um grupo populacional de hábitos e idioma próprios arraigados
vêm levando empresas e políticos
a passar por uma transformação.
Os hispânicos representam hoje
8% do total de eleitores registrados no país, e seus votos são decisivos em Estados como o Texas, o
Novo México, a Califórnia, Nova
York e a Flórida, onde estão concentrados os cubanos.
Na área de consumo, os gastos
das empresas com publicidade dirigida a hispânicos tiveram um
aumento quatro vezes superior à
média no ano passado.
Enquanto companhias como a
General Motors e o Bank of America multiplicam verbas dirigidas
à propaganda, a maioria das grandes empresas instala cada vez
mais serviços de atendimento telefônico em espanhol e contrata
funcionários fluentes no idioma.
Nos supermercados, gôndolas,
produtos e prospectos de promoções já contêm, em boa parte dos
casos, o inglês e o espanhol lado a
lado. Seções inteiras e até ruas comerciais se dedicam exclusivamente a produtos latinos.
Federico Subervi, um dos maiores especialistas em assuntos hispânicos nos EUA, afirma que a
""latin fusion" (fusão latina) norte-americana não se dá apenas nas
esferas comercial e política.
""O público americano branco
vem assimilando rapidamente a
cultura, a comida e os hábitos hispânicos. A nova face da "american
culture" é agora Jennifer Lopez",
afirma Subervi, um porto-riquenho que vive há 28 anos nos EUA,
para onde foi a fim de concluir
um doutorado na Universidade
de Wisconsin.
Há anos, a cantora e atriz Jennifer Lopez, nascida em Nova York
de família porto-riquenha, é considerada a mulher mais sexy dos
EUA. Ela acaba de assinar um
contrato para promover a marca
Louis Vuitton, um símbolo do
público endinheirado e branco
norte-americano.
Os demógrafos que trabalharam no Censo de 2002 crêem que
o ritmo de crescimento da população hispânica nos EUA tenda a
se manter ao menos por 20 anos.
Em 2025, daqui a uma geração,
os hispânicos serão mais de 65
milhões de pessoas nos EUA. Nos
cinco Estados com maior concentração, serão 20% da população.
Na Califórnia, devem atingir 43%
do total.
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