|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Vice de Saddam afirma que inspetores podem ir aonde quiserem; religiosos decretam fatwa anti-EUA em Bagdá
Iraque diz admitir inspeções de palácios de Saddam
DA REDAÇÃO
O vice-presidente do Iraque
disse em entrevista publicada ontem que o seu país está disposto a
permitir a entrada dos inspetores
de armas da ONU nos palácios do
ditador Saddam Hussein.
"Até onde sabemos, os inspetores podem procurar e inspecionar
em qualquer lugar que queiram",
afirmou Taha Yassin Ramadan à
revista alemã "Der Spiegel", indagado sobre os palácios presidenciais -um dos motivos de controvérsia entre Bagdá e os EUA.
Washington acusa Saddam de
utilizar seus gigantescos palácios
para esconder armas de destruição em massa. O Iraque nega possuir ou estar desenvolvendo armamentos dessa natureza.
Segundo um acordo feito em
1998 entre o regime iraquiano e a
ONU, as inspeções desses oito palácios devem obedecer alguns
procedimentos excepcionais. As
visitas não podem ser feitas de
surpresa: os inspetores precisam
alertar o governo com antecedência sobre a data e o horário. Também são obrigados a revelar a
composição das equipes de inspetores que irão aos palácios.
O presidente americano, George W. Bush, exige agora a retomada das inspeções seguindo regras
mais rigorosas. Segundo proposta
de resolução dos EUA em discussão no Conselho de Segurança
(CS) da ONU, nenhum lugar estaria fora do alcance dos inspetores.
A declaração de Ramadan não
deixa claro, porém, se o seu regime está disposto a abrir os palácios aos inspetores sem restrições
ou se as visitas seriam realizadas
de acordo com aqueles procedimentos determinados em 1998 e
rejeitados por Washington.
O Reino Unido, aliado dos EUA
na campanha contra o Iraque, sugeriu ontem que a probabilidade
de haver uma guerra estaria diminuindo já que, diante das ameaças
de um ataque, Saddam estaria fazendo concessões.
"Há apenas quatro semanas,
eles diziam que não receberiam os
inspetores de volta de jeito nenhum", disse o chanceler Jack
Straw. "Só há uma razão para eles
terem ido tão longe -mas ainda
não suficientemente longe. E essa
razão é a ameaça do uso da força."
Ele acrescentou: "Estamos nos
deparando aqui com um paradoxo. Quanto mais firmes e duros
formos sobre o fato de que usaremos a força contra o Iraque (...),
maiores as chances de haver uma
resolução pacífica."
Na sexta-feira, o Iraque declarou estar pronto para receber de
volta os inspetores a partir de 19
de outubro, como ficou acertado
durante reunião entre diplomatas
iraquianos e o chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix.
Blix, disse depois, porém, que a
primeira equipe só seria enviada
ao país após a aprovação no CS de
uma resolução determinando diretrizes mais rigorosas para as
inspeções. Um debate sobre a
questão no Conselho está marcado para a próxima quarta-feira.
Fatwa
Cerca de 450 líderes muçulmanos do Iraque reunidos ontem em
Bagdá declararam uma fatwa (decreto religioso) convocando a
uma "guerra santa" contra os
EUA e seus aliados em caso de um
ataque ao país. "Se uma agressão
for lançada, a "guerra santa" contra a administração americana do
mal se transformará em um dever
de todo muçulmano", diz a fatwa.
O Parlamento iraquiano faria
ontem uma sessão de emergência,
possivelmente para aprovar uma
resposta à decisão do Congresso
dos EUA, que autorizou Bush a
usar força militar contra Bagdá.
Kuait
Autoridades kuaitianas disseram ter prendido 26 suspeitos que
teriam formado uma "célula" semelhante às organizadas pela rede terrorista Al Qaeda para atacar
alvos americanos. Dois membros
do grupo morreram na terça-feira
após matarem um fuzileiro naval
dos EUA durante exercícios militares no Kuait.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Quem é quem: Os ideólogos do neoconservadorismo Próximo Texto: Política: Bush busca poder raro na política dos EUA Índice
|