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Brasil quer aproximação com favorito em eleição
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro considera
improvável a vitória do líder dos
plantadores de coca Evo Morales
no segundo turno das eleições
presidenciais na Bolívia e já prepara uma política de aproximação com o favorito, o ex-presidente Gonzalo "Goni" Sánchez de Lozada. Especialistas do governo
afirmam que a tradição do Congresso boliviano é fechar com o
político que chegou ao segundo
turno com mais votos, como é o
caso de Sánchez de Lozada.
Oficialmente, porém, o governo
brasileiro afirma que o relacionamento entre os dois países continuará o mesmo qualquer que seja
o candidato vencedor. No entanto
especialistas do Itamaraty afirmam que há uma preocupação
em ganhar a confiança de Goni,
que se elegeu para o segundo turno com um discurso anti-Brasil.
Ao contrário de Morales, que
adotou tom desafiador em relação aos EUA, o liberal Goni defende um relacionamento mais estreito com os americanos e faz críticas à forte presença brasileira na
Bolívia. A Petrobras é a maior empresa instalada no país e detém
mais de um terço da concessão
para a exploração de gás natural.
A empresa tem capacidade para
exportar para o Brasil nos próximos anos o equivalente a 8% do
PIB (Produto Interno Bruto) da
Bolívia, de US$ 8 bilhões.
Segundo diplomatas, a estratégia do Itamaraty é convencer o
próximo governo de que a intenção do Brasil não é dilapidar o patrimônio e os recursos bolivianos,
mas agregar valor ao vizinho, instalando fábricas, como siderúrgicas, que aproveitariam a abundância de gás natural local.
A Bolívia é sócia especial do
Mercosul, o que lhe garante vantagens no mercado brasileiro e vice-versa. Bem menos integracionista do que o atual presidente,
Jorge Quiroga, com quem o governo brasileiro mantém uma excelente relação, até agora Goni
não deu demonstrações de que
pretende defender a adesão definitiva da Bolívia ao Mercosul,
conforme estava previsto.
Diplomatas brasileiros afirmam, porém, que a condição geográfica é a principal razão para estreitar as relações com a Bolívia e,
por isso, as críticas de Sánchez de
Lozada ao Brasil não passariam
de discurso de campanha.
Segundo diplomatas, por causa
da rápida ascensão de Morales
nas eleições bolivianas, o governo
não teve tempo para fazer avaliações mais profundas sobre o candidato, diferentemente do ex-presidente Goni, político conhecido.
Em Brasília, acredita-se que o
clima na Bolívia ficaria mais estável se Morales aceitasse compor
alianças com o vencedor e adquirisse um cargo no novo governo.
O cocaleiro já afirmou, no entanto, que pretende fazer oposição.
Por causa da grande capacidade
de mobilização já demonstrada
por Morales, representantes do
governo brasileiro já esperam
uma oposição dura, que deve gerar instabilidade política no país
vizinho, mas afirmam que a situação atual na Bolívia não preocupa
porque a transição está sendo feita de forma democrática.
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