São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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Opositores aceitam retomar diálogo com Morales na Bolívia

Depois de meses sem negociações diretas, governadores da meia-lua participaram ontem de encontro com o presidente

Contra previsões, referendo confirma governista em Oruro, aumentando vitória de Morales, que não perdeu nenhum aliado em votação


DA REDAÇÃO

Os governadores de oposição se reuniram ontem com o presidente Evo Morales em La Paz para tentar compatibilizar a nova Constituição -aprovada pelos governistas, mas pendente de ratificação por referendo- e os estatutos autonômicos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, departamentos da próspera meia-lua boliviana. A decisão enfraquece a linha dura adotada pelo governador de Santa Cruz e principal líder opositor, Rubén Costas, no embate com Morales.
O referendo revogatório de domingo reafirmou a autoridade do governo sobre o território nacional. Com 94% da apuração concluída e participação popular de 83%, Morales vencia em 7 dos 9 departamentos e tinha 67,6% de aprovação, 14 pontos acima dos 53,7% que o elegeram presidente em 2005. A vitória, porém, não soluciona o impasse com os governadores autonomistas, que também mantiveram os cargos.
Antes de encontrar Morales, os oposicionistas haviam se reunido em Santa Cruz. De lá, partiram para La Paz Leopoldo Fernández (Pando), Mario Cossío (Tarija), Ernesto Suárez (Beni) e Savina Cuéllar (Chuquisaca), recém-eleita cujo mandato não foi objeto do referendo. Os quatro e os govenistas Mario Virreira (Potosí) e Alberto Aguillar (Oruro) estavam reunidos com Morales no fechamento desta edição.
Costas, o principal líder da oposição, alegou motivos de saúde para faltar à reunião, mas enviou representantes. Desde o fracaso, em janeiro, das mais recentes negociações com La Paz, os autonomistas se negavam a dialogar com o governo.

Derrotados
Os opositores derrotados, José Luis Paredes (La Paz) e Manfred Reyes Villa (Cochabamba), deixaram os cargos, e os departamentos devem ter governo provisório indicado por Morales até que ocorram novas eleições. Reyes Villa é acusado pelo vice-ministro da Justiça, Wilfredo Chávez, de pretender usar a viagem à sede da OEA (Organização de Estados Americanos), nos EUA, para "escapar [do país]". Reyes diz ter deixado a cargo "por vontade própria para pacificar a região" e não ter razão para fugir.
Paredes e Reyes Villa foram os únicos a perder os cargos. O governista Aguillar, ao contrário do que indicavam as projeções iniciais, foi referendado em Oruro, em mais uma vitória para Morales, que não perdeu nenhum aliado após o pleito.
A votação boliviana, na qual a OEA apontara irregularidades, foi endossada ontem pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas). O referendo foi "uma grande demonstração de espírito cívico e democrático", segundo o chileno Ignacio Walker, chefe da missão da Unasul.


Com agências internacionais


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