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GUERRA SEM LIMITES
Atenção ao tema no Ocidente não é compartilhada nesses países, que vivem sob regimes autoritários
Mundo árabe impede debate sobre terror
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
É previsível que os países árabes
tenham sido diretamente interpelados em suas identidades políticas pelo 11 de Setembro e pelas
duas guerras que levaram à presença militar norte-americana no
Afeganistão e no Iraque.
Mas nesses países o tema não é
objeto de livre discussão interna.
Eles têm regimes autoritários em
que as universidades, revistas teóricas e editoras não problematizam as questões que afetam diretamente a sociedade.
Como outro produto do autoritarismo há também o fato de setores mais informados da sociedade, mesmo se alinhados ao antiamericanismo oficial, não influenciarem na elaboração da diplomacia e das políticas públicas.
Essas e outras questões são debatidas por dois especialistas que
foram ouvidos pela Folha.
O professor francês Olivier Roy,
54, é um dos maiores especialistas
europeus em política e islamismo.
Pesquisador do Centro Nacional
da Pesquisa Científica e do Instituto de Ciências Políticas de Paris,
a Sciences Po, já lecionou em
Princeton (EUA) e tem, entre suas
pesquisas, as formas de organização dos combatentes islâmicos
afegãos nos anos 80, durante a
guerra de desgaste a que submeteram a então União Soviética.
Hayat Alvi, 34, norte-americana
descendente de árabes e indianos,
é doutora pela Universidade Howard, de Washington, e é hoje
professora do departamento de
ciência política na Universidade
Americana do Cairo.
Estuda idéias e preconceitos
conspirativos -como o de que a
rede de televisão árabe Al Jazira
faria o jogo de Israel ou que o
Mossad, o serviço secreto israelense, seria o autor do 11 de Setembro- que, no fundo, traduzem a conhecida hostilidade do
árabe comum por Israel e por
seus aliados dos EUA.
Ela também é especialista em
língua árabe e sobrinha do poeta
indiano Mohammad Alvi.
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