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Estratégia republicana inclui ataques pessoais
DE WASHINGTON
Os partidos Republicano e Democrata começaram a testar os limites da atual campanha eleitoral
nos EUA e devem investir nos ataques pessoais nos próximos dias.
Na semana passada, o pré-candidato John Kerry, franco favorito
à indicação democrata, já foi obrigado a responder a perguntas sobre uma suposta amante e a respeito de seu comportamento contrário à Guerra do Vietnã.
A Casa Branca, por seu lado, teve de dar explicações três vezes seguidas sobre a ficha militar do
presidente George W. Bush, que
atravessa uma nova e crescente
crise de confiabilidade.
Entre os republicanos, a estratégia já delineada é pegar Kerry no
contrapé e logo na saída. Ele será
apresentado nos próximos dias
em anúncios de TV como um liberal a favor do aborto e do casamento gay.
O senador por Massachusetts
também será apresentado para
boa parte dos americanos que
ainda não se ocuparam com a
eleição como um receptador de
dinheiro político de poderosos
lobbies norte-americanos.
Na sexta-feira, a campanha de
Bush já havia iniciado a distribuição de material pela internet mostrando nomes de companhias que
deram dinheiro nos últimos anos
a Kerry e o interesse por trás de
cada uma delas.
Os republicanos também foram
acusados pelos democratas de estarem por trás de comentários sobre uma suposta amante de
Kerry. Em um programa ao vivo
na NBC, Kerry teve de negar a história anteontem pela manhã.
A estratégia de Bush é definir
Kerry negativamente antes que o
pré-candidato tenha tido chances
de se apresentar.
A coleção de materiais para ataques inclui até operações financeiras lucrativas realizadas pelo
casal John Kerry e Teresa Heinz
com ações de empresas nas Bermudas -lembrando que, como
senador, Kerry sempre combateu
benefícios dados a companhias
em paraísos fiscais.
Entre os democratas, a estratégia é amplificar, ainda durante a
definição da candidatura Kerry, a
atual fase de más notícias para o
presidente. E os últimos dias não
foram bons para Bush.
Na semana passada, o presidente ganhou capas em revistas e destaque em jornais de prestígio onde suas ""verdadeiras intenções"
foram exploradas em temas como
Iraque e economia.
A revista "Time", por exemplo,
chegou a perguntar na capa: "Devemos acreditar nele ou não?",
para responder depois que Bush
"não disse a verdade" em vários
assuntos relacionados à guerra.
Os democratas contam com esse noticiário desfavorável ao presidente para ganhar fôlego antes
da fase mais dura da campanha.
Depois dos gastos na atual fase
de escolha do candidato democrata, o partido terá de correr para
levantar fundos para concorrer
com a verba eleitoral de mais de
US$ 130 milhões que Bush já tem
em caixa -e que até o fim da
campanha, deve chegar a US$ 200
milhões.
(FERNANDO CANZIAN)
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